Susan de Oliveira,Pós-doutorada,Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, escreve:
“Nós temos um problema grave de saúde pública na América Latina que precisa ser controlado com informação honesta. Há uma desinformação generalizada e muita enrolação que acaba influenciando a discriminação, mas há divulgações mais responsáveis.
A associação entre o zika e a microcefalia é uma possibilidade entre outras e, também infelizmente, o governo brasileiro está apenas tentando combater o mosquito ao invés de ampliar a discussão sobre, por exemplo, o espectro de contaminação viral e o envenenamento através de alimentos. Entretanto, não vai fazer isso porque compromete o modelo de desenvolvimento que o Brasil adota, baseado na associação com as grandes corporações capitalistas que não têm como meta a saúde de ninguém.
O país está devastado por pesticidas e empreiteiras, as águas contaminadas por esgotos e metais pesados. Casos comprovados de câncer e outras mutações genéticas devido à contaminação por metais e pesticidas já estão listados antes da microcefalia ser uma epidemia. Inclusive, o primeiro caso de morte por zika foi de um homem com histórico de uso crônico de corticoides o que leva também à suspeita de potencialização do efeito do vírus pelo envenenamento por medicamentos. O fato é que o zika é conhecido desde 1947 e apenas agora está suspeito de causar microcefalia e servindo para encobrir outras causas prováveis que estão diretamente associadas ao modelo de desenvolvimento. A indústria da vacina já está preparada para mais uma cruzada.”