Após um jogo de futebol, o menino  começou a sentir uma insistente  dor na perna e a mãe levou-o ao médico. A família pobre não tinha plano de saúde e entrou na longa fila de espera, dos pobres, pretos e anônimos,  para a consulta com médicos especialistas  e realização de exames.

 O diagnóstico tardio e o atendimento falho encontrou o câncer já  em estágio avançado.

Sim, aos 17 anos, a perna do menino apresentava um tumor.

Sim, era câncer.

A família desesperou-se. Diante da negligência estatal com a saúde dos pobres e anônimos, agarrou-se a fé.

Após uma bateria de tratamento que teve resposta insuficiente, os médicos resolveram amputar toda perna do menino.

E o menino  orava, orava, orava a espera de um dádiva.

O menino entrou em um processo lento de depressão.

A mesa de cirurgia foi o passo seguinte. E lá o menino despediu-se de sua perna.

Como voltar a jogar o futebol que ele tanto amava?

E a ausência da perna devastou o coração do menino e a família.

O menino passou o Natal em casa e quando recebia visita insistia em dizer:- Cuidado com minha perna que ela está doente.

Vinte dias depois, o menino voltou a ocupar um leito da UTI do hospital.

Em pouquíssimo tempo a metástase abraçou o corpo do menino.

O câncer obeso deleitava-se no corpo novo do menino pobre.

Faz uma semana que o menino morreu.

E essa família e tantas famílias pobres, periféricas, em Maceió,AL,  não tem uma remissão da doença para comemorar.

Saúde no Brasil é privilégio de rico.

Ou você vai dizer que não?