Para começo de conversa desejo a Vossa Excelência um Governo prático em implementações  reais de  públicas efetivas e eficazes para a população alagoana.

Ações de um Chefe de Estado, com vocação política para abarcar e legitimar  a diversidade de seu povo, a partir do  diálogo  social, como uma das mais importantes ferramentas de trabalho.

Alagoas é o estado que sediou a primeira República Livre e Negra da América Latina e escreveu com a historicidade do  Quilombo dos Palmares, na Serra da Barriga, um dos mais importantes capítulos de resistência negra da história do Brasil, quiçá do mundo.

Alagoas, que um dia foi a Grande República dos Palmares, ( além da data festiva e dos palanques armados do  20 de novembro)  é um estado cuja  cartografia  é repleta de histórias  que contam memórias ancestrais.

Memórias ancestrais que funcionam como ponto de encontro com o universo da alagoanidade e do povo preto.

O povo preto, que invisibilizado, nas políticas públicas emergentes percebe  o silêncio como permissão para opressão-naturalização do  racismo.   

A questão das políticas para a construção da igualdade racial, no primeiro ano do seu governo,passou  praticamente despercebida,  Excelência

O nome disso é Racismo Institucional.

Racismo institucional é qualquer sistema de desigualdade que se baseia em raça e que impede a população preta  de ter acesso aos direitos que lhe são garantidos pela Constituição brasileira. E a Alagoas política como um estado prenhe de silêncio sobre  a questão  contribui para que isso aconteça.

São hierarquias reinventadas  que suprimem, anulam, segregam pobres, pret@s, periféric@s.

Por conta de valores pré-definidos o racismo  institucional promove o estreitamento das oportunidades nas estruturas sociais.

O racismo institucional legitima e naturaliza o racismo  social, aquele que pensa o lugar de pret@s na periferia da história.

Falar em paz  em um estado onde não há igualdade entre os diferentes, Excelência é categorizar uma  paz vazia e insidiosa.

Em 2010, a população geral do estado de Alagoas  era de 3,100 mil habitantes e mais da metade desse contingente  populacional  ( 2,100 mil ) se constitui de gente preta. E dessas gentes pretas 599,8 mil é de jovens pret@s.

Muit@s desses jovens pret@s estão mortos.

E o assassinato de jovens pretos é tão devastador, que Alagoas continua a ser- no quesito vulnerabilidade- o  estado mais perigoso  para pretos jovens viverem.

Independente dos anúncios dos  números e decréscimos estatais da violência, Excelência, as famílias pretas continuam empilhando cadáveres  de seus filh@s- quase tod@s muito jovens-uns em cima de outros. Corpos negligenciados pela indiferença estatal.

Vivem a morte uns dos outros, como se fosse uma tragédia na qual assumiram ao nascer.

As famílias vivem um Estado de perda perpétua.

A história do racismo em Alagoas  é reincidente, Governador, precisamos de uma política de estado – (O que vem de depois de 2015, Excelência?) - que dialogue com  o problema, sem máscaras midiáticas.

Já está na hora de pensar um  futuro  de eficiência e eficácia das políticas públicas para a população preta do estado de Alagoas, Excelência?.

Pensar  o futuro como  dia seguinte, a hora que vem logo depois do agora,.

E lançando mão das palavras da diplomata francesa Karen Hughes (março/2006) do  partido Republicano- Universidade Metodista Meridional, W. T. White High School  que afirma: “Quem tem acesso à educação aprende a pensar por si mesmo, a decidir por si mesmo, e sempre acabará optando pela liberdade em lugar da tirania, pelo estado de direito em vez de Estados Policiais, pela diversidade em um lugar de um conformismo rígido. “

Não dá mais para seu Governo continuar fazendo de conta que o racismo não existe, Excelência.

Não dá!