Cacheadas em Arapiraca: elas contam como superaram a ditadura do liso

20/12/2015 21:26 - Clau Soares
Por redação
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Apesar da divulgação, cada vez mais frequente na imprensa, e nas redes sociais, assumir os cabelos crespos ou cacheados ainda é um desafio que exige força de vontade e muita paciência das mulheres. Dá trabalho, angustia, mas tudo é recompensado com a recuperação da autoestima e o fim da ditadura do liso. E isso é o que elas dizem.

Em Arapiraca, conversamos com a servidora pública e estudante de Educação Física, Ingrid Kelly Alves dos Santos Pinheiro, e com a jornalista Priscila Anacleto. Elas ousaram e hoje exibem suas madeixas com a autoestima redobrada. O mais interessante é que os relatos de experiência das duas se cruzam em vários pontos, apesar de não se conhecerem pessoalmente.

Tanto Ingrid quanto Priscila começaram a alisar os cabelos por volta dos 11 anos de idade. Dos alisamentos mais agressivos até as atuais selagens, elas experimentaram de tudo para manter os cabelos lisos, até decidirem que era a hora de assumir os cachos. “Foram 12 anos presa aos procedimentos químicos”, afirmou Priscila Anacleto.

Quem as vê divando pelas ruas de Arapiraca, com os cabelos ao vento, pode não ter ideia de como foi todo o processo. “Foi um período difícil, eu me sentia feia e impaciente com o cabelo que não crescia. Com três meses de transição, pensei em fazer o Big Chop (grande corte), mas o cabelo natural estava muito pequeno, então desisti. Não foi um período fácil e não tive muito apoio da família”, revela Ingrid Kelly.

A jornalista Priscila Anacleto, entretanto, teve um incentivo especial. “Minha maior motivação foi o meu amor, Tony Medeiros. Ele me incentivou a parar, aguentou-me na luta diária da transição, elogiava-me todos os dias, chamava-me de linda, mesmo quando eu me sentia horrível. Quando fiz o grande corte, ele continuou ao meu lado, me dando forças. Acreditem, cortar o cabelo desse jeito mexe completamente com a feminilidade da gente. A autoestima vai ao chão e tê-lo ali comigo, me apoiando e elogiando me fez ter certeza de que eu iria conseguir”, relatou.

Felizes com o resultado

 “Ao realizar o grande corte, não foi só o visual que mudou, concepções também mudaram. Consegui aceitar e entender, principalmente, que meu cabelo é crespo, sou negra/descendente de negros, que fugi dos padrões estabelecidos por uma sociedade racista, sexista, que impõe padrões de beleza”, destaca Ingrid Kelly.

“Os cachos fazem parte de mim. Eu não assumi meu cachos, eu assumi a minha identidade, meu eu verdadeiro. Essa sim sou eu.  E sou muito grata a todos que me deram apoio, aos que criticaram também! A minha família, amigos e, principalmente meu marido, que acompanhou todo o processo bem de perto, foi e continua sendo um companheiro e tanto”, confessa Priscila Anacleto.

Inspiração e ativismo

A jornalista Priscila Anacleto, que compõe a equipe de repórteres da TV Gazeta (Rede Globo), revela ainda que diariamente recebe convites no Facebook de meninas que querem mudar ou inspirar as amigas a adotarem o visual natural. “São historias lindas. Converso com elas e sinto que, de alguma forma, elas se sentem representadas. Sinto-me um pouco responsável por essas meninas e não vou decepcioná-las!”, garante.

Já a estudante Ingrid Kelly faz parte do grupo Cachos Alagoanos, que troca informações pela internet, e já pensa em realizar um ensaio fotográfico de mulheres cacheadas, em Arapiraca, em janeiro de 2016. A proposta é incentivar mais meninas a se libertarem dos processos químicos para alisamentos e ficarem mais poderosas com os cachos.

Cuidados com os cachos

A consultora pedagógica e técnica do Instituto Embelleze Arapiraca, Aparecida Brandão, explica que os cabelos cacheados, por serem extremamente secos, precisam de hidratação com ativos e proporções desenvolvidos exatamente para eles. “Para manter seu cabelo cacheado ou crespo hidratado, faça sessões de hidratação constantemente”, recomenda.

Segundo ela, os cachos têm estrutura capilar igual a dos cabelos lisos e podem receber colorações, descolorações, mechas variadas, como todo tipo de cabelo. Os cuidados devem ser redobrados com hidratação, reconstrução, cauterizações e terapias capilares. “Os cachos necessitam ser alimentados com ativos e oligo-elementos que perdemos todos os dias por conta dos radicais livres”, frisa.

Ela aconselha que cada mulher tenha uma cabeleireira que indique quais os tratamentos mais indicados e a necessidade do cabelo. “Cada cabelo precisa ser analisado  para poder usar o componente que mais devolva os nutrientes necessários para a saúde e beleza. As pessoas com  cabelos cacheados podem não conseguir o mesmo resultado de um procedimento feito por outra pessoa porque há diferentes necessidades e tipos de cachos”, explica.

Aparecida Brandão destaca ainda que cabelos crespos ou cacheados precisam de umectação uniforme, fortalecimento e cachos definidos. Ela indica os produtos com óleo de gergelim, de coco, de abacate, d-pantenol, ou manteiga de ojon, para devolver a elasticidade, movimento e fios bem tratados com cutículas seladas para garantir o brilho. “Nossa dica é passar o Gilt Plus e Power Mold da Embelleze Salon para manter os cabelos hidratados e modelados. Isso vai ajudar a domar o volume”, recomenda.

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