Conheci Denise Fernandes, professora da Escola Municipal Ondina Couto,Mesquita/RJ quando da realização do “V Ciclo Nacional de Conversas Negras: Agosto Negro ou o Que a História Oficial Ainda não Conta”, na OAB/RJ, em agosto de 2014, no Rio de Janeiro. Na ocasião foi uma das professoras homenageadas com o Troféu Ipatewó, concedido pelo Instituto Raízes de Áfricas.

Ipatewó significa Aplausos.

Logo após a premiação, Denise criou a Oficina Aplausos que ela descreve com detalhes no texto abaixo.

Aplausos é um dos trabalhos referenciais da mestra, que já foi homenageada pela Universidade Rural do Rio de Janeiro pelo  trabalho primoroso na    aplicabilidade da Lei nº 10.639/03 em sala de aula.

Aproveita a ideia e leva para sua sala de aula, como atividade não só no mês de novembro- Consciência Negra- como ao longo do ano. Que tal?

 

Em nossa história há centenas de nomes, pessoas, fatos e acontecimentos que influenciam nossa vida hoje. Porém, muitos desses acontecimentos e contextos onde ocorreram não são lembrados com a coerência que merecem, e até mesmo não resgatados. Por isso, trazemos a proposta Aplausos com o objetivo de rememorar que muitas heroínas fazem parte de nossa ancestralidade e vidas, e ainda se encontram presentes na construção de identidades (SANTOS, 2008).

Seja a mãe zelosa, a tia que se dedicou um pouco mais, a irmã que só viu as portas se abrindo na maturidade, ou até mesmo aquela mulher que, não tendo a menor responsabilidade para com algumas crianças, abriu mão de si mesma para educá-las. Elas estão aí, em sua vida, aqui, em nossa história, e merecem não apenas nossos aplausos, mas toda honra!

Segundo Araújo (2011, p. 2), o jogo “tem um significado, um objetivo determinado. Nele e por meio dele são conferidos sentidos para as ações dos envolvidos em sua dinâmica”. O objetivo do jogo Aplausos é mostrar para os alunos a importância das negras guerreiras, que atuam em áreas diversas tais como: educação, engenharia, medicina e direito, sinalizando que todos nós, negros ou não, temos a possibilidade de contribuir para um mundo melhor e desconstruir estereótipos criados através da imagem do negro, mostrada  quase sempre em posições de submissão e inferioridade.

Há um diferencial em Aplausos, ou seja, a possibilidade de aplicação em diversos contextos com adaptação das personagens, preferencialmente locais, mostrando que não apenas pessoas conhecidas merecem ser valorizadas e que existem também pessoas presentes em nossas vidas que são protagonistas de uma bela história. Para Araújo (2011, p. 3), as regras dos jogos “precisam ser flexíveis e adequadas a cada situação, segundo o nível de desenvolvimento da criança e os objetivos da utilização do jogo”. Por isso, a inserção de personalidades locais se adequa não apenas às regras do jogo, mas também a seu objetivo.

O número de participantes pode ser de dez, quinze ou trinta pessoas, de acordo com a demanda. Um grupo fica responsável pelas informações nos parágrafos explicativos sobre o resumo de vida das personagens e o outro grupo preocupa-se com a fotografia das mesmas. As cartas com as figuras das personagens deverão ser relacionadas em painel específico. Os participantes deverão ter em foco o trabalho em conjunto, pois a correlação entre as informações prestadas e as imagens das personagens deverá ser o alvo esperado.

Como relatamos, algumas personagens poderão ser substituídas de acordo com a necessidade local. Por exemplo, nesse primeiro momento, por estarmos em Nova Iguaçu, usaremos figuras de profissionais negras da Secretaria Municipal de Educação de Nova Iguaçu. Se estivéssemos em Mesquita, poderíamos utilizar figuras de profissionais negras da Secretaria Municipal de Educação de Mesquita. Caso seja trabalhado em escolas, sugerimos figuras femininas da comunidade escolar local.

REFERÊNCIAS

ARAÚJO, Karina de Toledo. Os jogos e a educação. Revista Eletrônica de Educação. Ano V. No. 09, jul./dez. 2011 Disponível em : http://www.unifil.br/portal/arquivos/publicacoes/paginas/2012/1/413_542_publipg.pdf

SANTOS, Giselle Cristina dos Anjos. Somos todas rainhas. Coleção História das Mulheres Negras, passado, presente e futuro. Associação Frida Kahlo e Articulação Política de Juventudes Negras, 2008. Disponível em: http://www.afrika.org.br/str-web/index.html