Os representantes dos municípios alagoanos, juntamente com convidad@s de outros setores – remanescentes de quilombos, estudantes, pesquisador@s, movimentos sociais, reunid@s no I Encontro Sobre Culturas Negras nos Municípios Alagoanos, ocorrido dia 23 de outubro no auditório Aqualtune, Palácio República dos Palmares, em Maceió,AL pautaram os debates em três eixos: Cultura Negra, Sustentabilidade e Desenvolvimento , com o objetivo de promover a discussão sobre a cultura negra como elemento estruturante, em âmbito estadual, fazer um diagnóstico da situação dos mesmos, com vistas ao fortalecimento destes espaços de memória, identidade e resistência negra, visando a criação de uma rede estadual.
A presente carta apresenta algumas inquietações e propostas construídas durante o Encontro, com o objetivo de gerar uma pauta estadual para o poder público, das duas esferas: municipal e estadual, para desvelar novas possibilidades de construção de uma sociedade mais justa, equânime, livre e plural:
Que carece mais investimentos para desmistificar a cultura negra de modo integrado, contemplando suas dimensões econômicas, sociais, ambientais, políticas e culturais.
Que a cultura negra apresenta-se como fator necessário para colaborar na superação da crise e repensar o estado de Alagoas, a partir da ótica de sustentabilidade.
Que em momentos de crise a cultura abre novos horizontes;
Que o descaso com a cultura negra é enorme. E, apesar do Projeto A Cor da Cultura nas escolas, não existe uma formação permanente e contínua.
Que o diálogo relativo a investimentos ou mesmo aprovação de leis nos espaços estatais e do parlamento é ineficiente.
Que o Estado de Alagoas, como ente federado, precisa abdicar da surdez ideológica e ineficiência para, assim, suprir demandas.
Que é urgente privilegiar o olho estatal de uma forma estrutural social e fundamental para os quilombos e suas gentes, em Alagoas que são negligenciados, ignorados e as verbas federais, que deveriam ser aplicadas no desenvolvimento dos espaços negr@s são manipuladas pelos prefeit@s,
Que precisamos discutir cultura negra, como foco para desenvolvimento sustentável nos municípios e estado, além das coreografias em palcos das efêmeras apresentações do 20 de novembro;
Que valorizar a cultura negra é também valorizar a cultura da economia, dos negócios;
Que cultura negra não é assistencialismo. É arte!
Que é preciso fomentar a articulação entre as três esferas tendo como foco a formação cultural do povo, com investimentos em uma formação sólida na pasta da educação, como possibilidades transformadoras e qualificadoras;
Que independente da divisão territorial, geográfica, a cultura negra tem uma identidade própria, legitimada e carece o trabalho contra os estereótipos, que discriminam;
Que trabalhar a cultura negra no município é promover uma grande revolução cultural no interior do estado. A dinamização da cultura transforma artistas e plateias, em humanos menos preconceituosos, mais tolerantes..
Que se faz necessário a vontade política para estruturar a cultura negra, como segmento importante da cultura alagoana.
Que é preciso valorizar a cultura negra, como também, exigir o envolvimento de gestor@s públic@s;
Que determinad@s gestor@s só aparecem nas comunidades quilombolas para tirar fotos e depois postá-las no afirmar que o trabalho existe;
Que a Universidade só percebe os quilombolas como objeto de pesquisas:
Que gestor@s do estado, Associação dos Municípios de Maceió deveriam permanecer no Encontro para fazer a “escuta” dos municípios, e que não adianta só sentar em uma mesa, fazer um discurso bonito e ir embora;
Que a cultura da comunidade quilombolas está morrendo e que não existe trabalhos eficazes em relação a subsistência dos quilombolas alagoanos, como também existe um baixo grau de consciência e autonomia das comunidades quilombolas;
Que existe muita burocracia nos editais lançados pelo governo federal;
Que é preciso incentivar a criação de Edital específico para mapeamento do patrimônio material e imaterial do povo negro alagoano, dentro do Programa Nacional do Mapeamento do Patrimônio Imaterial/IPHAN;
Que valorizamos a criação e manutenção de uma “rede estadual”, para troca de informações e experiências;
Que é urgente a capacitação de gestor@s nas áreas de administração, planejamento estratégico e elaboração de projetos, através de cursos específicos para captação de recursos e o cumprimento da legislação fiscal vigente;
E a pergunta que não calou e ecoou : Que mazela tem em Alagoas que as coisas não avançam...