Acompanhado de membros da Comissão de Direitos Humanos da OAB (Seccional-AL), o professor Magno Francisco da Silva foi recebido, na tarde desta terça-feira (13), pelos secretários Alfredo Gaspar de Mendonça; da Segurança Pública, e Enio Lins; da Comunicação, para denunciar supostas ameaças que vem sofrendo, desde a repercussão do desaparecimento do seu primo, o adolescente Davi Silva.

A reunião, que ocorreu a portas fechadas, foi realizada na sede da Secretaria de Estado da Segurança Pública, no Centro de Maceió  e contou ainda com a participação de delegados da Polícia Civil de Alagoas.

Após a conversa com as autoridades, Magno Silva falou com a imprensa. Visivelmente abalado, ele reafirmou que se sente exposto diante das ameaças de morte e agradeceu ao que chamou de “ampla rede de solidariedade dos alagoanos”.

“Recentemente tivemos esse contato com essa fonte. Ela disse que há interesse de pessoas que poderiam tirar a minha vida. O que se espera da Secretaria é que ela garanta a Justiça para todos, que investigue,” diz.

Perguntado sobre a possibilidade de se inserir no programa de proteção, o denunciante diz não ter certeza que vai aderir ao programa.

"Não sei se vou querer isso.Numa situação como essa fica difícil, não vou afirmar agora. Mas não descarto a possibilidade".

De poucas palavras, o secretário de Segurança Pública, Alfredo Gaspar de Mendonça, falou que  tomará as medidas necessárias para garantir que o caso seja investigado e que a vida do professor volte a normalidade.

“Nós iremos trabalhar para que essa situação seja resolvida. Após ouvi-lo, designaremos um delegado especial que irá investigar essas ameaças”.

O presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB (Seccional-AL), Daniel Nunes, acompanhou a reunião. Ele acredita que a denúncia apresentada hoje é um reflexo da repercussão que o desaparecimento do adolescente Davi Silva tomou.

“Tudo isso aqui é mais uma prova da violência que o jovem negro e pobre passa. Não queremos que outros ‘Davis’ surjam. Iremos acompanhar este caso até o final”, afirma.

O sumiço de Davi

Davi da Silva, de 17 anos, está desaparecido desde o dia 25 de agosto de 2014 após uma abordagem policial no bairro do Benedito Bentes. No dia 05 de agosto deste ano, o Ministério Público Estadual de Alagoas denunciou quatro policiais militares pela morte do jovem: Eudecir Gomes de Lima, Carlos Eduardo Ferreira dos Santos, Vitor Rafael Martins da Silva e Nayara Silva de Andrade. Segundo a denúncia citada na ação penal ajuizada na 14ª Vara Criminal da Capital, os policiais torturaram, assassinaram e ocultaram o corpo de Davi Silva.

Um corpo encontrado em um matagal no conjunto José Tenório no dia 08 de agostopassou por um exame de DNA para tentar identificar se é de Davi ou não. A mãe de Davi chegou a reconhecer o corpo como sendo do filho, mas os resultados são aguardados para dar prosseguimento às investigações. 

Leia: Primo de Davi Silva volta a AL para falar de ameaças em reunião com cúpula da segurança

Saiba mais: Ministério Público denuncia que Davi Silva foi torturado até a morte; entenda o caso

*Colaboradora