Ele tinha nome, sobrenome, uma mãe zelosa e foi atropelado, aos 11 anos, por uma bala do estado que lhe ceifou a vida.
Ele se chamava Herinaldo Vinicius e tinha o sobrenome de Santana, menino negro, morava na comunidade Parque Alegria, no Complexo do Caju, Rio de Janeiro, a cidade maravilhosa.
Ele saiu para comprar uma bolinha de pingue-pongue ( assim como a auxiliar de serviços gerais Cláudia Ferreira, morta em março de 2014, que saiu para comprar pão) e foi morto em um beco, com um tiro no tórax.
Há uma epidemia de homicídios do povo preto instalada nos territórios vulneráveis, uma insana geografia da violência que envolve-principalmente-agentes do estado.
Crianças negras das periferias brasileiras vivem encurraladas numa espécie de inferno, onde suas vidas são insignificâncias.
Uma nova guerra civil.
Segundo, Luís Mir: “ A nova guerra civil toma emprestada da contra-revolução técnicas de desestabilização dirigidas a semear o medo e o ódio. O objetivo é controlar a população, desfazendo-se de quem tenha identidade distinta ( e inclusive apreciação distinta). O objetivo estratégico dessas guerras é aterrorizar a população mediante diversos métodos, como chacinas, a criação de áreas urbanas sem lei, a partir de técnicas psicológicas e econômicas de intimidação.”
Herinaldo saiu para comprar uma bolinha de pingue-pongue e de troco recebeu uma bala de agentes do estado.
Agonizando, a criança de 11 anos pediu: Quero minha mãe!
Não deu tempo. Helinaldo morreu e sua mãe órfã, do menino, agoniza na dor.