Após dois dias de júri popular, o ex-deputado estadual e ex-vereador por Maceió, Luiz Pedro, foi condenado a 21 anos e dez meses de prisão pelo homicídio qualificado do servente de pedreiro Carlos Roberto Rocha Santos, ocorrido em agosto de 2004. Ele também foi condenado a dois anos e quatro meses pelo sequestro da vítima e a dois anos e três meses por formação de quadrilha, totalizando uma pena de 26 anos e cinco meses.

Inicialmente, a pena deve ser cumprida em regime fechado, mas, ele continuará respondendo em liberdade até o trânsito em julgado da sentença condenatória. 

“Eu tinha certeza absoluta que, apesar do tempo, esse dia iria chegar. Tenho certeza que meu filho está aqui”, disse, emocionado, o pai de Carlos Roberto, Sebastião Pereira dos Santos, após a leitura da sentença. Durante seu depoimento, ontem, ele voltou a afirmar que não tinha dúvidas a respeito, tanto da intelectualidade, quanto da materialidade do crime.

“Alagoas precisava dessa resposta. Chega de impunidade. Somos quatro familiares e estamos mostrando a sociedade que a justiça hoje foi feita”, completou o irmão da vítima, Carlos André, ao comentar o resultado do julgamento.

"Espero que essa decisão sirva de lição para toda a população. E principalmente para essas pessoas que o senhor trouxe aqui hoje, pessoas que são seus funcionários e benfeitores, que elas entendam que crime nenhum compensa. Continue prestando essas suas boas ações a essa população, mas não contribua para o aumento da criminalidade", disse o juiz John Silas, se dirigindo ao ex-deputado estadual.

Antes dos jurados se reunirem na sala secreta para discutir o caso, o advogado de defesa, José Fragoso, voltou a afirmar a inocência do réu: "Luiz Pedro não tem absolutamente nada a ver com esse episódio. Ele é inocente, ele não participou do crime, não há provas contra ele. As pessoas pobres aqui presentes estão prestando solidariedade ao seu líder. Hoje durmo o sonho dos justos, defendi uma causa justa, um homem inocente. Seja qual for o resultado, irei para casa tranquilo”.

José Fragoso irá recorrer da decisão do Tribunal do Júri.

Pablo Escobar e Hitler

Pela manhã, o advogado João Uchôa, que trabalha como assistente de acusação, comparou o ex-cabo da PM ao traficante Pablo Escobar: “Luiz Pedro é o Pablo Escobar do Brasil e quem depende do seu assistencialismo, tem que rezar na sua cartilha”.

Já o promotor Carlos Davi Lopes ressaltou a coragem da família da vítima em passar mais de 11 anos em busca de justiça.  O membro do Ministério Público Estadual de Alagoas voltou a apontar Luiz Pedro como autor intelectual do assassinato e comparou a sua frieza a do líder nazista Hitler, responsável pelo extermínio de milhares de judeus durante a segunda guerra mundial.

Testemunhas

Ontem, foram ouvidas as testemunhas de acusação e defesa e o próprio Luiz Pedro, que negou participação no crime: “Eu sei eu não sou santo, fui linha dura de delegacia. Na época que eu era delegado, descia as grotas atrás dos bandidos. Mas não matei ninguém. Eu entendo que Seu Sebastião esteja com raiva de mim, ele é pai, mas não mandei matar o filho dele”, afirmou, se referindo a Sebastião Pereira, que acompanhou todo o julgamento no Fórum do Barro Duro.

O primeiro depoimento do julgamento, dado por meio de videoconferência, foi de Alessandra Cristina Costa, esposa da vítima. Ela confirmou ter reconhecido os autores materiais e disse que, mesmo estando grávida de seis meses no dia do crime, foi agredida fisicamente pelos acusados. Alessandra também afirmou que o réu foi o mandante do homicídio.

Segunda testemunha a ser interrogada, Josenildo Vieira dos Santos, que era morador do mesmo local da vítima, reafirmou que uma pessoa ligada a Luiz Pedro o procurou, mandando que avisasse ao Carlos Roberto que ele seria a próxima vítima.

Durante o júri, o MPE foi representado pelos promotores de Justiça Carlos Davi Lopes e Thiago Chacon e o advogado João Uchôa fez o papel de assistente de acusação. Em sua sustentação oral, Carlos Davi manteve a imputação de homicídio duplamente qualificado contra o ex-vereador.