Atualizada ás 10h33
Em meio a pedidos de "justiça" e momentos de emoção, teve início na manhã desta quarta-feira (23) o julgamento do ex-militar e vereador, Luiz Pedro da Silva, acusado de ser o autor intelectual do crime que vitimou o pedreiro Carlos Roberto Rocha Santos, há 11 anos. O Ministério Público Estadual vai sustentar a tese de homicídio duplamente qualificado e o pai da vítima pede que o ex-parlamentar aponte o local dos restos mortais do filho.
Antes mesmo do início do julgamento, amigos e familiares, que chegaram em grande número ao Fórum Desembargador Jairon Maia Fernandes no Barro Duro, pediram justiça pelo crime, que aconteceu em 2004.
“Eles sabem onde estão os restos mortais do meu filho. Essa condenação não me conforta, porque meu filho não voltará e não pude enterrá-lo”, disse o pai da vítima, Sebastião Pereira, que afirmou que vai pedir para o réu apontar o local onde o filho foi morto.
Assim que a sessão foi iniciada, a defesa do acusado de ser o autor material do crime, Rogério de Menezes Vasconcelos, pediu o desmembramento do julgamento, que foi acatado pelo juiz John Silas, que lamentou o fato.
“Espero que o processo seja concluído o quanto antes. Tudo isso serve para que a sociedade saiba que aqui se faz justiça”, afirmou o magistrado.
Quando teve a palavra, o representante do Ministério Público, promotor Carlos Davi Lopes, argumentou que o crime fez parte de apenas uma das ações de uma organização criminosa e que buscava eliminar qualquer pessoa considerada como desafeto.
“A organização era grande, tinha estrutura e os autores materiais que foram condenados, não tinham condições de manter essa estrutura. Eles eram os executores e o Luiz Pedro fazia a articulação”, disse o promotor, que irá sustentar a tese de homicídio duplamente qualificado, além de sequestro e formação de quadrilha.
Sobre o fato do corpo nunca ter sido encontrado, o promotor destacou que só uma pessoa com participação no Estado (poder público), poderia manter o caso em sigilo, lembrando o fato de Luiz Pedro ser deputado estadual na época do crime.
Quem também fez sérias acusações foi a esposa da vítima, Alessandra Cristina Costa. Ela está fora do estado e prestou depoimento através de uma vídeo conferência acompanhada de um representante da comissão dos direitos humanos da OAB de e um defensor público. Ela confirmou o depoimento prestado em 2008 e disse que tinha convicção de que o mandante do crime foi Luiz Pedro.
"Chegou a hora de fazer justiça e varrer esse lixo da sociedade. Quantos pais de família terão que morrer para que justiça seja feita?", direcionou suas palavras para os jurados. Atualmente, Alessandra reside em outro estado e não integra mais o programa de proteção a testemunhas. Ela relatou que ao deixar o programa voltou para Maceió e foi ameaçada.
"De dentro da delegacia eles ligaram me ameaçando, dizendo que sabiam onde eu estava e que iriam invadir a delegacia e pipocar tudo". A esposa da vítima ainda apelou às autoridades do estado pela sua segurança, pois encontra-se em um estado diferente passando muita necessidade. "Peço as autoridades que me ajudem", clamou.
Já a defesa de Luiz Pedro, iniciou a sua argumentação negando a participação do ex-cabo no crime, afirmando ainda que a denúncia é de interesse político, "que tem nome, sobrenome e endereço". “Não tenho dúvidas que esse processo tem interesse político. A liderança que Luiz Pedro tem, incomoda muita gente. A prova disso é que ele já foi eleito o terceiro vereador mais votado, mesmo quando estava preso”, disse o advogado José Fragoso.
O plenário, assim como o prédio do Fórum do Barro Duro, está tomado por pessoas, sejam pedindo justiça pela morte do pedreiro e consequentemente a condenação de Luiz Pedro, seja os defensores do ex-parlamentar. O julgamento deve seguir durante toda esta quarta-feira.