Urubatan da Silva, advogado de Leonardo Lourenço da Silva, acusado de matar a nutricionista Renata Sá, em julho do ano passado, informou que irá sustentar a tese de incapacidade penal de seu cliente, já que há indícios de que ele apresenta distúrbios mentais. Réu e testemunhas de defesa e de acusação estão sendo ouvidos na primeira audiência de instrução do processo, que acontece nesta quarta-feira (26), no Fórum Jairon Maia Fernandes, no Barro Duro.
Leia mais: Nutricionista é encontrada morta em matagal na Santa Amélia
Leia mais: Caso Renata Sá: polícia prende acusado de matar nutricionista
Ainda segundo o advogado, como o acusado deve confessar o crime, a pena pode ser reduzida de seis meses a um ano, a depender do entendimento do juiz responsável, neste caso, John Silas. “A princípio, Leonardo não vai negar o crime, vai assumir a autoria. Embora, na fase preliminar do processo, o juiz não tenha acatado o pedido da defesa, quanto a instauração do incidente da insanidade mental. Agora, resta que o tema seja discutido em plenário”, afirmou.
Após a sustentação do advogado de defesa, caso o conselho de sentença entenda que o acusado do crime tem distúrbios mentais, o juiz, John Silas, terá a responsabilidade de pedir a avaliação do réu, através de uma perícia. Caso seja comprovado o problema mental, Leonardo Lourenço da Silva terá, por direito, um tratamento em uma instituição mantida pelo Estado.
Questionado sobre a acusação do envolvimento de Leonardo em outros crimes, o advogado de defesa reconheceu os delitos, mas não entrou em detalhes.
O promotor na audiência, Marcos Mousinho, informou que a acusação irá apresentar as imagens de videomonitoramento, em que o acusado aparece caminhando em posse da bolsa da vítima, e que Leonardo deve ser condenado por homicídio qualificado.
“Não devemos ter surpresas durante a audiência. O acusado deve confessar o crime. Ainda vamos seguir a linha do monitoramento eletrônico, que registrou todo o percurso dele no dia do crime. Diante disso, ele segue acusado de homicídio qualificado e posteriormente levado a júri popular”, afirmou.
Ao todo, sete pessoas serão ouvidas na audiência, entre militares, o ex-noivo e os pais da vítima. A primeira testemunha ouvida foi a mulher do acusado, Kátia da Silva, que conheceu Leonardo no se sistema prisional, quando ela atuava em atividades religiosas, e estão juntos há oito anos.
Ao sustentar a tese da defesa do acusado, Kátia disse que o esposo sofre de epilepsia desde criança e que era acompanhado por neurologistas. “Ele sofre com epilepsia, tem crises constantes e precisa tomar remédio diariamente. Por isso, peço que sejam feitos exames médicos para atestar se ele tem problemas neurológicos”, disse.
Indagada sobre o que Leonardo lhe contou após a morte de Renata Sá, Kátia disse que “aconteceu”. “Ele me disse que não queria [ter cometido o crime], mas que aconteceu. Ele não premeditou, aconteceu”, disse ao juiz.
O crime
O corpo de Renata Almeida Sá, de 26 anos, foi encontrado no dia 14 de julho de 2014 em um matagal, no bairro Santa Amélia.
Segundo investigações da Polícia, Leonardo abordou Renata no bairro do Farol e, sob ameaça, obrigou a vítima a ir para o banco do carona. O acusado conduziu o veículo, um Renault Sandero, de cor cinza e placa AXF 057, em direção a um motel no bairro do Santa Amélia, onde a jovem teria sido obrigada a entrar. Ao se negar ao entrar no motel, Renata foi levada a um matagal, onde foi morta.
Com o intuito de simular o crime de latrocínio, Leonardo Lourenço roubou a aliança e bolsa da vítima, que foi encontrada no dia 31 do mesmo mês na residência do acusado.
O carro usado por Renata, que pertencia à empresa onde a nutricionista trabalhava, foi localizado na Avenida Durval de Góes Monteiro no dia 15 de julho. Segundo funcionários que trabalham próximo ao local onde o veículo foi encontrado, o carro estava com os faróis ligados e com a chava em cima de um dos pneus.