O Brasil vive um momento de descrença generalizada nas instituições, e a principal razão para isto é a impunidade. Neste mês de agosto completa um ano do desaparecimento do adolescente da periferia Davi Silva. Além do caso de Davi, outro que segue impune há quase oito anos ainda se arrasta pela justiça alagoana, é o caso da morte do vereador Fernando Aldo.
Enquanto o acusado pela morte de Fernando Aldo é o ex-deputado estadual Cícero Ferro (PMN), os acusados pelo desaparecimento de Davi Silva são quatro policiais militares da Radiopatrulha. A fim de acompanhar o desenrolar de ambos os casos, a reportagem procurou familiares e atores judiciais que acompanham os respectivos processos.
Um ano sem Davi Silva
Aos dezessete anos de idade, Davi era apenas um rapaz da periferia de Maceió, quando entrou num camburão da polícia e desapareceu. Morador do conjunto Frei Damião, no bairro do Benedito Bentes, Davi era o terceiro filho de Maria da Silva. Dona Maria tinha Davi, único menino, como xodó e procurava manter-se vigilante sobre os passos de seu filho.
Consciente das poucas oportunidades que jovens pobres em Alagoas possuem, Davi frequentava a escola, mas não dispensava um serviço para conseguir algum dinheiro. Sua mãe revelou à reportagem que no dia do desaparecimento de Davi, sua rotina foi alterada pelo despertar mais cedo que o normal. Davi pediu à mãe para acompanhar um colega num serviço, saiu e nunca mais foi visto.
Maria lembra que o dia não parecia tranquilo, muitos meninos estavam perambulando pelas ruas e seu filho era um deles. A situação às vezes é comum, mas com o passar do tempo e a compreensão melhor de tudo o que ocorreu naquele dia, detalhes voltam à sua mente. Ela lembra que Davi perguntou se precisava que lhe trouxesse algo da rua e ela disse que não precisava.
Lembra também que ninguém da vizinhança disse a ela o que houve com Davi, só quando uma de suas filhas chegou em casa foi que soube que o caçula havia sido levado pela polícia. Desde a manhã daquela segunda-feira, dia 25 de agosto, Maria procura incansavelmente por Davi. Até hoje não há qualquer certeza sobre seu paradeiro e a única informação que dispõe é de que a polícia, que deveria proteger todos os bons cidadãos, levou seu filho e não o devolveu.
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