Arielli Tavares Moreira estudante da Universidade de São Paulo-USP comenta:
 

O cansaço não me permite tecer grandes conclusões, mas não posso deixar de compartilhar minhas primeiras reflexões sobre a experiência dos últimos dias.

Durante este feriado, de Corpus Cristo, ocorreram dois Congressos Nacionais, o 3º congresso da ANEL em Campinas e o 54º CONUNE em Goiânia. A essa altura já  me chegam  informes sobre as deliberações do Congresso da ANEL. 1500 estudantes reunidos em um ambiente de intenso debate e reflexão sobre os rumos da luta social no país aprovaram o chamado à construção da greve geral da educação, e a convocação de um novo comando nacional de greve estudantil, que possa representar verdadeiramente os estudantes em luta contra o ajuste fiscal do governo federal e um calendário que se inicia a partir de amanhã para impulsionar o que pode ser a maior greve das universidades em todo o país.

De outro lado, o CONUNE também irá terminar em instantes, mas não existe nenhum chamado a greve geral da educação, não existe nenhum posicionamento claro contra o ajuste fiscal aplicado pelo PT, limitando-se a critica a Joaquim Levy. Surfando na ilusão de uma onda reacionária que justifique, na realidade, o apoio ao governo de Dilma.

Pude acompanhar de perto a luta que fizeram os companheiros da oposição de esquerda da UNE para que esse não fosse o resultado final, mas, infelizmente a UNE segue na contramão da luta dos estudantes brasileiros, a institucionalização e a burocratização a que chegou essa entidade não permite uma disputa real das suas deliberações.

Não poderia se esperar o contrário, afinal, as jornadas de junho de 2013 abriram um novo momento no movimento estudantil que tem como base o questionamento do PT,  como alternativa de poder e que, em especial, vai de encontro à velha estrutura da UNE. A juventude que foi a luta em junho não tem nenhuma referência na UNE, ao contrário, percebe rapidamente que para seguir sua luta terá que se enfrentar com todo seu aparato.

Ao final desses dias renovo a certeza de que é preciso romper com essa entidade. Esse é o passo adiante que os companheiros da oposição de esquerda, que estão conosco nas lutas precisam dar.

Em um momento de intensa disputa politica na sociedade, como o que vivemos, esse debate precisa ser a primeira preocupação de todos os ativistas e as ativistas que recém integram as fileiras do movimento estudantil brasileiro.

Sem dúvida a unidade que construímos nas lutas aponta o caminho necessário para os desafios que virão, e, é com muita alegria e empolgação que recebo os informes da votação no congresso da ANEL, da proposta de realização de um encontro nacional de estudantes no inicio do ano que vem, colado à construção do ENE onde possamos reunir toda a militância da ANEL e da Oposição de esquerda da UNE, para debater os rumos do movimento estudantil, deliberar um programa unificado e construir um calendário de lutas que expresse o conjunto da oposição de esquerda ao governo e nos fortaleça rumo a vitória.