A Sessão Especial da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI que investiga a violência contra jovens negros e pobres, protagonizada pela Câmara Federal),  aconteceu nesta segunda-feira, 18-03), na Assembleia Legislativa do Estado de Alagoas.

O Estado de Alagoas tem uma Secretaria chamada de Esporte, Lazer  e Juventude.

A Secretaria  de Esporte,Lazer e Juventude tem como um dos objetivos estabelecer espaços de empoderamento para a  juventude alagoana, inclusive  a preta.

A  representante do Governo do Estado de Alagoas, titular da pasta  de Esporte , Lazer e Juventude participou-dentre muit@s- da  enorme e longa mesa –institucional- de abertura da CPI, em Alagoas,e depois de ler  uma cansativa lista que marcava a presença e o território  político-partidário de jovens e instituições , professou um  prolixo discurso de  poder, de presidenta de partido político, e pretensa candidata  a alguma coisa.

A representante do Governo do Estado de Alagoas da pasta da juventude – ainda- não despiu a roupa de presidenta do partido político- e seu discurso sobre" rolezinhos" e o governo da Espanha não tem a mínima legitimidade para dialogar com  a  realidade cruel que sequestra a vida dos nossos jovens pretos,em Alagoas, roubando-lhe a perspectiva e possibilidade de futuro.

A representante do Governo do Estado de Alagoas, na pasta da  da Juventude,  ainda não atentou que vivemos uma guerra civil, e, diariamente  corpos pretos  e jovens, são enterrados sem obituários no jornal ou bandeira a meio mastro.

Ainda, não atentou que nós, o povo preto, não precisamos desse discurso espetáculo aprendido nas academias brancas e professado como se fosse história, a nossa história.

A morte dos jovens negros na primeira República Livre e Negra da América Latina é como um grande navio negreiro. As correntes internalizadas e institucionalizadas prendem as vozes da denúncia social, mantem parado o grito de indignação.
A morte com seu fôlego afiado nos alcança, facilmente. Continuamos sendo executados e nossos corpos  vandalizados, o genocídio naturalizado.Em Alagoas  essa "questíncula" foi  embrulhada em um Plano do Governo Federal.

Alagoas é um estado cruel na sua acepção de apartheid: negros e pobres são subjugados a esses tempos de morte como história contínua de uma escravidão ininterrupta.

E depois de compor a mesa e posar para os holofotes, a representante do Governo da pasta da Juventude, pediu licença, afirmando da existência  de uma outra agenda  para cumprir, e convidou a secretária adjunta para substituí-la à mesa.

Ao  desvencilhar-se  do diálogo com o povo e suas obrigações estatais, em uma Audiência Pública que deveria ser prioritária para a pasta da Juventude, a  representante institucional, expressou-literalmente -  a linguagem  de "consenso" de que a morte do jovem negro não tem a mínima importância. Meras populações marginalizadas.

Atentamos que cabe ao estado de Alagoas, através de  suas expressões representativas, pautarem como agenda prioritária  de compromissos, a seriedade estatal e responsabilidade política em relação a vida dos nossos jovens, especificamente, os pretos.

A  vida de pretos não é  desimportante!

Cadê o Davi?