O Racismo tem Passe Livre na UFAL?
Silas Ferreira tem 18 anos, e, é estreante do Curso de Ciências Sociais da Universidade Federal de Alagoas. Um jovem comprometido com as causas sociais.
Em sua primeira aula como calouro, um professor mexeu com a alma revolucionária do universitário, que, desabafa:- "Estava muito feliz por me descobrir no curso de Ciências Sociais. Por saber que é isso que quero pra minha vida e que posso fazer a diferença na sociedade através do embasamento que lá terei. Mas sabe o que o aconteceu na aula? Um "professor”, se assim podemos chamá-lo, como disse Everton, fez um discurso racista na primeira aula. Pasmem: Na PRIMEIRA aula.”
Segundo, Silas, o professor tem 15 processos, por causa de racismo, em andamento na UFAL para sua retirada e até hoje nada foi feito!”
E a pergunta que não quer calar?
Qual o papel que exercem as representações estudantis, dentro da Universidade, na luta de enfrentamento ao racismo? Na releitura da implementação da Lei nº10.639/03?
São muitas as discussões postas em marcha pelos movimentos estudantis universitários das instituições públicas e privadas, mas o enfrentamento ao racismo não está lá.
Avança-se na articulação de esforços para dar corpo ao Projeto Passe Livre, como política legitima de mobilidade da classe estudantil, entretanto quando o tema versa sobre o racismo a ousadia de pular as catracas da intolerância acadêmica fica a cargos de pouc@s.
Estigmatiza-se o enfrentamento ao racismo como luta menor.
E nesses caminhos e desvãos a ideologia racista encorpa, engorda e perniciosa alardeia sua voz contra cotas, contra inclusão, contra a mistura de conhecimento nos espaços acadêmicos, antes -hermeticamente- eurocêntrico.
Contra-contra-contra-contra...
As entidades estudantis agem- nessa questão- como burocratas do estado- em um flagrante desinteresse
Essa falta de interesse se deve muito ao comportamento bipolar que absorvemos da existência do racismo, sem racistas.
Na cartilha de lutas das entidades estudantis, decididamente, o racismo não entra em pauta.
E depois surge a perplexidade quando o mesmo explode em nossa cara, bem ali do lado, por baixo do discurso acadêmico da democracia racial.
Restringir a militância educacional a pautas genéricas é ignorar todo contexto sócio-político das lutas aguerridas do movimento negro nas últimas décadas.
O racismo latente, crescente e ascendente é a prova viva que no exercício da cidadania sempre existe algo para ser relido, repaginado.
Uma lição a ser aprendida e apreendida.
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