O inquérito policial que investigava a morte da soldado Izabelle Pereira, ocorrido em agosto de 2014, foi concluído e enviado para a Justiça nesta quarta-feira (25) com os indiciamentos pelo crime de homicídio culposo do comandante da guarnição e do patrulheiro que estavam ao lado da vítima. O delegado concluiu que a morte foi acidental, mas agravada com as circunstâncias presentes na viatura. Izabelle morreu após ser atingida por uma rajada de 17 tiros de submetralhadora enquanto sua equipe fazia ronda no bairro do São Jorge.
O caso gerou muitas especulações, principalmente, pela família da militar que sempre reforçou que a versão apresentada pelos policiais era falsa. Os familiares afirmaram para a imprensa alagoana durante as investigações que Izabelle havia sido vítima de uma embosca. No dia do ocorrido ela cobria a folga de uma colega de farda.
Ao CadaMinuto, o delegado responsável pelas investigações, Lucimério Campos, explicou as motivações que o levaram a concluir pelo indiciamento dos dois militares e as razões que ocasionaram a fatalidade. “A reprodução simulada da Polícia Federal ajudou a esclarecer alguns pontos já existentes da investigação, principalmente no detalhamento de alguns fatos, através dos exames realizados”, disse o delegado.
O indiciamento dos militares se deu, segundo o delegado, pelo fato de eles serem responsáveis pelo manuseio adequado do armamento existente dentro da viatura. A reprodução simulada da PF concluiu que o acionamento do gatilho da submetralhadora foi ocasionado pelo toque do cano de outra arma, que estava dentro do veículo, pertencente ao patrulheiro.
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“Para isso, a Polícia Federal apresentou quatro versões. Uma delas aponta que o choque entre duas armas pode ter sido ocasionado pelo movimento da viatura. Houve o acionamento, mas de forma direta”, afirmou delegado, acrescentando que o Instituto de Criminalística de Alagoas (IC) também chegou a essa conclusão do acionamento da submetralhadora, mas não de forma tão detalhada.
A arma que atingiu Izabelle estava no chão do veículo com o cano voltado para cima, o que não é recomendado pelas normas de segurança. Em suas explicações na conclusão do inquérito, Lucimério destacou a responsabilidade e segurança na preservação das armas, que são entregues aos policiais militares nos batalhões no período de serviço.
Segundo ele, existiu alguns descumprimentos do regulamento de controle de armamento, o que aumentou o risco de um acidente, como ocorreu no caso Izabelle. O delegado ainda destacou a culpa do estado nas condições do armamento, que apresentou defeito, e da instalação da viatura, que não posuía um espaço adequado para colocar as armas durante o deslocamento dos policiais.
O caso
Izabelle Pereira foi atingida por disparos de uma submetralhadora no dia 31 de agosto de 2014. A policial estava dentro de uma viatura da Radiopatrulha, juntamente com outros três colegas, quando seguia para um chamado no bairro de São Jorge, em Maceió, e foi surpreendida pelos disparos.
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Levada às pressas para o Hospital Geral do Estado (HGE), a militar deu entrada em estado grave e foi direto para o centro cirúrgico onde passou por um procedimento para retirada das balas e sutura dos ferimentos. Ainda na chegada ao hospital, a paciente sofreu duas paradas cardíacas e faleceu.