A opinião abaixo é de autoria de Wagner Bijagó é de Guiné Bissau, mestre em Sociologia pela Universidade Federal de Alagoas - UFAL 2011, Graduação em Ciências Sociais pela mesma instituição em 2008. É Professor  na Universidade Federal de Alagoas – UFAL. Vai lendo...

 

Acredito que esta questão é complexa e deve ser tratada com toda complexidade que merece. Pois, do contrário ficamos tão somente a repetir o óbvio sem nenhuma profundidade. A título de provocação: Existe algum problema em algum país africano patrocinar o carnaval no Brasil? O Carnaval no Brasil é uma instituição que desconhece a contravenção? Do jeitinho e da cordialidade brasileira? aludindo o pensador social da realidade brasileira, Sérgio Buarque de Holanda.

 Será que o motivo não está relacionado com o que o presidente Lula chamaria de síndrome de vira lata? Pois, no imaginário coletivo eurocêntrico, o lugar social dos países africanos é de receber esmola, daquele que é sofrido, ou seja, o lugar do coitadinho. Logo, quando foge a este esquema se torna bizarro. Pois, do contrário, haveria também acusações contra a Suíça que serve como paraíso fiscal do dinheiro advindo de práticas ilegais e criminosas. É sabidamente que estas operações financiam boa parte dos conflitos mundiais, sobretudo na África. É de bom tom que se reconheça que hoje a Guiné Equatorial tem condições econômicas de arcar com altos financiamentos e/ou patrocínios. Pois, goza duma situação econômica a todo vapor. Agora, a questão sócio político do país, da distribuição da riqueza, do gerenciamento do país é outra questão, que não incide na atitude pontual do seu governo em patrocinar a Beija Flor que se consagrou campeã. Talvez se tivesse patrocinado uma escola do grupo de acesso com pouca visibilidade, não teríamos todo esse ataque súbito de moralismo e de pena para com o povo da Guiné Equatorial. É salutar que recordemos a memória, nos tempos da globalização no dizer do Milton Santos, o centro e a periferia está em toda parte. E a África continua sendo a Mãe!