O doleiro Alberto Youssef confirmou à Polícia Federal que movimentou cerca de R$ 28 milhões de “caixa dois” da empreiteira OAS, entre janeiro de 2013 e janeiro de 2014. De acordo com planilhas apreendidas pela PF, foram entregues em Maceió R$ 800 mil em espécie, sendo R$ 500 mil no dia 13 de dezembro de 2013 e R$ 300 mil no dia 19 do mesmo mês e ano.

As planilhas não indicam os nomes das empresas e/ou pessoas físicas beneficiadas com os repasses, mas o próprio Youssef confirmou que os valores entre parênteses (caso da capital alagoana) indicam a entrega de dinheiro em espécie.

Além da capital alagoana, que aparece com a sigla MCZ, os “carregadores de dinheiro” do doleiro também fizeram entregas em Minas Gerais, Salvador (BA), Natal (RN) e Recife (PE). As informações foram divulgadas pelo blog do Fausto Macedo, no Estadão.

Em sua delação premiada, Youssef afirmou que esses recursos foram movimentados à parte do esquema de desvios na Petrobrás. Ele disse que operava o caixa paralelo da OAS e de outras empreiteiras, recebendo 3% de cada operação.

A quantia registrada consta de planilha apreendida na sétima etapa da operação, realizada em novembro do ano passado, quando foram presos executivos de construtoras acusadas de integrar um cartel que atuava na estatal. Na planilha apreendida estão indicados valores, datas e os locais para onde o doleiro enviava ou até mesmo buscava dinheiro em espécie.

Ao ser confrontado com a planilha de pagamentos, confirmou que algumas das siglas fazem referência a sedes da construtora e endereços residenciais em diferentes Estados para onde ele ou pessoas indicadas levaram dinheiro. O doleiro ressaltou, contudo, que “pelo que sabe” essas movimentações irregulares não têm relação com a estatal petrolífera.

Lavagem de dinheiro

Na delação Youssef também explica como funcionava o esquema de lavagem de dinheiro no exterior que permitia a ele trazer os recursos ao Brasil. Ele admite que operava valores para OAS e outras empresas utilizando as contas da companhia Santa Tereza Services no banco suíço PKB, que ficam em nome de João Procópio, operador de contas de Youssef e réu na Lava Jato.

Por meio dessa conta, Youssef repassava a quantia para contas de outros operadores, como Leonardo Meirelles, apontado como testa de ferro do doleiro, que traziam o dinheiro de forma ilícita ao Brasil para que Youssef distribuísse nos endereços indicados pela OAS. O doleiro afirmou ainda que cobrava 3% do valor dos depósitos para trazer o dinheiro ao Brasil e entregar “em quaisquer lugares que fossem determinados pela empreiteira”, no País. Na planilha, as porcentagens recebidas pelo doleiro aparecem seguidas das siglas “conta corrente B” e “despesa de entrada”.

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