As investigações sobre as denúncias feitas pelo cabo da Polícia Militar, José Hamilton Alves Bezerra, de 45 anos, sobre um suposto esquema de corrupção supostamente comandado pelo major Mário Xavier, dentro do Batalhão de Policiamento de Guarda (BPGd), continuam em andamento com quase quatro meses após o atentado que culminou na deleção do praça.

As mesmas acusações apresentadas pelo cabo Hamilton ainda são sustentadas por ele, assim como a defesa do major Xavier, que alega ter reunidos provas concretadas que comprovam a sua inocência. Com o andamento da apuração, o CadaMinuto Press foi em busca de novas informações sobre o caso e também a previsão para conclusão das investigações.  

As denúncias somente foram apresentadas à imprensa pelo cabo Hamilton no final de outubro do ano passado, quando ele sofreu um atentado, em uma emboscada na Rua Padre Cícero, localizada no bairro da Santa Lúcia, onde o militar reside. As pessoas envolvidas na tentativa de homicídio não foram localizadas e as investigações sobre o crime caminham paralelamente com as revelações do PM.

Na época, as denúncias apresentadas – de crime de extorsão, desvio de combustíveis, desmanche de carros e outros – geraram burburinho dentro do BPGd, já que outros integrantes do batalhão também foram apontados pelo colega de farda de fazer parte do esquema, que teria como plano até o assassinato do presidente do Conselho Estadual de Segurança Pública (Conseg), o juiz Maurício Breda.

Cabo Hamilton não apresentou provas concretas, mas afirmou que todo o seu depoimento tinha como base tudo que presenciou dentro do batalhão e pediu que os fatos fossem apurados pela polícia. De forma mais detalhada, o praça disse que o major chegava a comercializar até 80 litros de combustível por dia por apenas R$ 2 e que parte dos produtos apreendidos em operações e abordagens também eram retidos. 

Delegado já ouviu oficiais da PM e prevê possíveis indiciamentos

O delegado Ricardo Menezes, responsável por apurar nas denúncias tidas pelo cabo Hamilton no Termo de Declaração prestado para cinco delegados da Polícia Civil, na época do crime, garante a conclusão das investigações com possíveis indiciamentos. Menezes não revelou nenhum detalhe sobre sua apuração, mas confirmou o surgimento de novas provas e consequentemente a convocação de novas testemunhas na peça policial.

“Há duas semanas nós estávamos seguindo uma investigação que chegava  em um beco sem saída. Mas com o surgimento de novas provas estamos na fase final das investigações”, detalhou Menezes.  O CadaMinuto Press apurou que o ex-comandante geral da Polícia Militar, coronel Marcus Pinheiro, o ex-subcomandante  Luiz Carlos e mais dois tenentes foram  ouvidos na última semana na sede da Delegacia Geral da Polícia Civil, no bairro de Jacarecica, sobre o caso.    

Por telefone, o coronel Marcus Pinheiro – na época das denúncias comandante-geral da PM – confirmou para nossa reportagem sua presença nas oitivas tomadas pelos delegados da Polícia Civil. Segundo ele, a intimação se deu como forma de esclarecimento devido ao cargo ocupado no período que os fatos aconteceram.

“Quinze dias antes de deixar o comando recebi essas informações do praça, mas como ele não quis prestar um depoimento formal, tomei a providência de afastar ele e o major do batalhão para preservá-lo até que as investigações fossem concluídas”, disse Pinheiro.

A previsão do delegado Ricardo Menezes é encaminhar o inquérito policial no começo de março para a Justiça.

DENUNCIANTE

Cabo Hamilton: “Já recebi vários pedidos para deixar para lá essa investigação”

Militar que acusou major diz ter sofrido cinco atentados em quatro meses

Atualmente afastado de sua função dentro da Polícia Militar, o cabo José Hamilton relatou para o CadaMinuto Press que convive com a expectativa da conclusão das investigações para poder retornar a sua vida normalmente com a família. Ele recebeu segurança individualizada determinada pelo Conseg, no entanto, não esconde desconfiar dos próprios “seguranças”. 

“Justamente no dia (na semana passada) em que o ex-comandante da PM foi prestar depoimento, esse policial faltou no serviço. Como posso confiar nele? Já solicitei do promotor a retirada da segurança e vou conviver só com milha família”, contou Hamilton.  Durante esses quatro meses, o cabo da PM diz que sofreu cinco atentados contra sua vida. Um deles ocorreu dentro de uma agência bancária.

Antes de sofrer o atentado, o cabo denunciou os fatos presenciados ao Comando da PM e também pediu transferência de Batalhão, mas segundo ele, teve o pedido negado pelo próprio major apontado de comandar o esquema. Com o andamento das investigações, Hamilton relatou que recebeu uma proposta para ser reformado como segundo sargento, com a justificativa de sofrer problemas psicológicos e “deixar a história para lá”.

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