“Aqui nosso sistema é baseado na meritocracia, sob dois pilares: disciplina e motivação”, assim a diretora do Colégio Tiradentes, tenente-coronel Fátima Escaliante, iniciou sua explanação ao vice-governador e secretário de Estado da Educação, Luciano Barbosa, e ao comandante-geral da PM, coronel Paulo Lima Júnior, na tarde desta terça-feira (27).
O Colégio Tiradentes da Polícia Militar despertou a atenção do secretário pelo índice de aprovação em universidades, assim como pela primeira colocação obtida dentre as escolas estaduais no ranking do MEC, divulgado no último dia 12 de dezembro, que leva em conta as notas do Enem no ano anterior.
Fátima aproveitou a oportunidade para mostrar a evolução do colégio em seus 19 anos de existência, e o sistema adotado nas escolas militares do Brasil, onde a disciplina militar revestida de um caráter lúdico, incentiva a formação de um aluno cidadão, com amor ao espírito pátrio e respeito ao regramento para o perfeito convívio em sociedade.
“O resultado desse ambiente escolar diferenciado pode ser comparado através da média de aprovação em vestibulares dos alunos do 3º ano do Ensino Médio. Em 2010, 39,47% dos alunos saíram diretamente das bancas escolares do Colégio Tiradentes para faculdades e universidades do Brasil. Já em 2014, esse número subiu para 69,56%, um número que embora expressivo, ainda assim pretendemos aumentá-lo cada vez mais”, contou orgulhosa a tenente-coronel Fátima.
Nesse ano, o aluno do 3º ano, Gabriel Ferreira, obteve a segunda colocação no vestibular de medicina da Uncisal, um dos mais concorridos do estado.
A rotina da escola não é só de estudos. A cada semana um aluno da turma é responsável pela organização e manutenção da sala de aula. Para incentivá-los tanto na questão do estudo quanto no comportamento, eles são identificados por patentes, que vão desde o soldado ao coronel, assim como na própria Polícia Militar, através de um regimento interno. Assim, para ascender nas patentes e se tornar aluno-coronel, não basta apenas tirar boas notas, mas existe toda uma questão de comportamento avaliada pelo corpo docente, que envolve a disciplina, a ética, o relacionamento com os colegas, o respeito aos professores, a pontualidade, asseio, dedicação, dentre outros. Dessa forma, o aluno-coronel deve servir como exemplo e motivação para todo o corpo discente.
Um dos motivos para o sucesso alcançado pelo Colégio Tiradentes consiste justamente na parceria com a Secretaria de Educação, onde a professora Salete Omena, pertencente à 1ª CRE (Coordenadoria Regional de Educação), com 32 anos de experiência profissional, cuida da parte pedagógica da escola.
Outro ponto de destaque consiste na disciplina e responsabilidade atribuída ao corpo discente. No ato da matrícula, os pais recebem o regimento interno da escola, onde devem repassar aos seus filhos todas as normas que devem ser observadas durante o ano letivo.
“Qualquer falta que porventura seja anotada na ficha disciplinar do aluno, automaticamente é lançada num sistema informatizado onde já consta a medida punitiva que pode variar desde uma simples advertência verbal, para infrações mais brandas, até uma suspensão das atividades escolares por quatro dias, para infrações graves. Inclusive, em situações excepcionais a matrícula do aluno no ano seguinte pode não ser renovada. Contudo, antes da haver qualquer punição o aluno exerce seu direito de defesa por escrito, de próprio punho, endereçada à direção que irá avaliar se a sua argumentação é satisfatória”, explicou Fátima.
Ao final, Luciano Barbosa disse estar muito satisfeito com o modelo educacional desempenhado pelo Colégio Tiradentes e reafirmou a parceria da secretaria com a escola.
“Contem comigo na condição de secretário de Educação e vice-governador. Vamos inserir o Colégio Tiradentes dentro das prioridades da secretaria e fortalecer esta unidade de ensino que presta um excelente serviço ao Estado de Alagoas”, ressaltou Luciano.
Ingresso no Colégio Tiradentes
Segundo o capitão Vailton Ursulino, subdiretor do Colégio Tiradentes, a prioridade para ingresso na escola é para filhos de policiais e bombeiros militares. Nesse sentido, existe um exame de seleção realizado em três fases.
O exame consiste numa prova objetiva com questões de português e matemática, além de redação. Na primeira fase somente são aceitas inscrições de filhos de policiais e bombeiros militares. Uma vez restando vagas dentro do quantitativo previsto para o ano letivo é aberta uma nova fase, onde podem se inscrever novamente filhos de policiais e bombeiros militares, assim como sobrinhos, netos e bisnetos desses militares. Se mesmo assim, ainda houver vagas, é aberta uma terceira fase onde poderão se inscrever pessoas da comunidade.
O índice mínimo para disputar uma vaga no Colégio Tiradentes corresponde à nota seis, numa avaliação que tem como pontuação máxima a nota 10. Caso a nota obtida no exame seja inferior a seis, o aluno não entra na lista para disputar uma vaga.
“Anualmente registramos maior concorrência nas turmas do Ensino Fundamental, principalmente no 6º, 8º e 9º anos, com uma média de 10 candidatos para cada vaga”, disse Ursulino.
Histórico dos Colégios Militares do Brasil
A história dos colégios militares do Brasil está ligada a Guerra do Paraguai, onde o governo imperial brasileiro procurava assistir familiares de militares que morreram ou ficaram inutilizados durante o conflito.
A ideia partiu de Luiz Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias, que pretendia prestar um apoio por parte do Estado aos órfãos de militares que tombaram em terras paraguaias. Enquanto senador do Império, Caxias fez a primeira proposição formal da criação do Colégio Militar em 1862, não obtendo êxito.
Só em 1889, o então ministro da Guerra, Thomaz José Coelho de Almeida, tomou para si o desejo de inaugurar um colégio militar, fundando através do Decreto 10.202, de 09 de março de 1889, o Imperial Colégio Militar, que funciona até os dias de hoje, com outra denominação, na cidade do Rio de Janeiro.
Desde então foram fundados diversos colégios militares pelo Brasil e, nesse contexto, as Polícias Militares sentiram também o anseio em sua tropa em ter também uma escola voltada para o ensino dos seus filhos.
O Colégio da Polícia Militar de Alagoas, denominado Colégio Tiradentes, foi criado em 1992, através da Lei nº 5332 de 10/04/92, e surgiu de uma aspiração antiga da Polícia Militar de Alagoas em ter um estabelecimento de ensino de qualidade, voltado para a educação dos filhos dos policiais militares. De acordo com essa lei, o Colégio passaria a funcionar com cursos de Ensino Fundamental (1ª a 8ª séries) e Ensino Médio (1º ao 3º ano).
Nos dias atuais, o Colégio Tiradentes se diferencia das demais escolas públicas por ser administrado pela Polícia Militar de Alagoas, bem como pela existência em sua matriz curricular de disciplinas peculiares ao âmbito militar, como a matéria de Continências e Sinais de Respeito, a qual provê uma formação cívico-militar aos alunos, instruindo-os com noções de cidadania, ética e disciplina, e ainda doutrinando devidamente para as formaturas e desfiles militares, destacando-se desta forma não apenas na disciplina, pontualidade, assiduidade e comprometimento dos docentes, mas principalmente pelos resultados acadêmicos conquistados ao longo de sua existência.
A 1ª colocação entre as escolas públicas de Alagoas no ENEM 2008, 2010 e 2011, 2012; troféu e medalhas na Olimpíada Brasileira de Matemática, dentre outros destaques e prêmios, fazem do Colégio Tiradentes o colégio da rede estadual de ensino que obteve os melhores resultados.

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