A nomeação da ex-prefeita de Piranhas, Mellina Freitas (PMDB), como gestora da Secretaria de Estado da Cultura causou revolta entre o meio artístico local. Um grupo intitulado Movimento Cultural Alagoano (Mova) foi criado com o intuito de reverter a decisão do governador Renan Filho (PMDB). O coletivo tem despertado o interesse de pessoas de outras áreas que vêm se juntando à causa, além de olhares da sociedade. Com menos de duas semanas de ações, o movimento já teria provocado preocupação na administração do Estado, o que teria resultado em uma tentativa de “boicotar” as manifestações.

O jornalista e produtor audiovisual, Rafhael Borbosa, é um dos representantes do movimento e conta que o grupo surgiu há pouco mais de um mês para cobrar políticas públicas voltadas à cultura no Estado, mas foi a partir da indicação da nova secretária que as ações começaram a ser divulgadas. “O movimento foi criado para unir a classe cultural e lutarmos por investimentos no setor”, afirma.

As ações do movimento foram iniciadas através da sua página no Facebook, que em duas semanas já possui quase 4 mil curtidas. No dia 26 de dezembro, o Mova publicou uma carta de repúdio endereçada a Renan Filho, na qual não legitima Mellina Freitas, baseado em argumentos “técnicos e éticos”. O texto tem assinatura de 100 entidades culturais alagoanas. Há também um abaixo assinado eletrônico contra a gestora no site www.avaaz.org que já conta com mais de mil assinaturas.

O grupo pretende continuar com as ações que inclui o acompanhamento dos processos que envolvem a ex-prefeita de Piranhas. “Nosso papel é cobrar justiça e a resolução das denúncias contra Mellina. Esse é o nosso dever não só artístico, mas social”, declarou Rafhael Barbosa.  

Mellina Freitas é filha do presidente do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ), desembargador Washington Luiz Damasceno Freitas. E foi alvo de pedido de prisão oficializado pelo Ministério Público Estadual (MP), após a apuração de denúncias, em 2013. A nova gestora da Cultura foi prefeita de Piranhas entre 2008 e 2012. Acusada de cometer 455 crimes para desviar R$ 16 milhões da Prefeitura, obteve um salvo conduto do TJ, que a impediu de ser presa.

Sem acordo

A primeira reunião aberta promovida pelo grupo reuniu cerca de 60 artistas e simpatizantes do movimento, na última segunda-feira (05). A discussão serviu para traçar metas e construir a postura do grupo diante de possíveis negociações.  

Um dos pontos acordados na ocasião foi a possível permanência de Mellina Freitas no cargo. A maioria se mostrou irredutível quando se trata do assunto e ficou definido que inicialmente não haverá acordos com a gestora. “Não queremos diálogo. De onde nada se tem, nada sai. Nosso objetivo é conseguir pressionar o governo. Se a gente quer uma política transformadora, tem que ser um governo nosso”, declarou o escritor e ator Tainan Costa.

Por outro lado, o grupo pretende pressionar o governo por uma mudança na pasta e se mostra aberto às negociações diretas com o governador Renan Filho. 

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