Inicialmente denunciado como sequestro, o caso da enfermeira que desapareceu após sair do trabalho, na tarde de ontem (05), está sendo investigado pelo titular da Delegacia Regional de Paripueira, José Rangel Athayde Vanderlei. A suposta vítima, Samya Morais, 24, prestou depoimento e acusou o servidor público Victor Soares, 32, de cárcere privado e estupro, além de sequestro. Os familiares do acusado, no entanto, negam a versão da enfermeira e confirmam que os dois mantinham um relacionamento amoroso desde agosto de 2014.

Em entrevista à reportagem do CadaMinuto, o delegado que acompanha o caso contou que, durante o depoimento, Samya afirmou que foi levada à força para a casa da família de Victor em Paripueira e, no local, disse ter sido forçada a manter relações sexuais com o acusado. José Rangel falou ainda que, em virtude do flagrante, o acusado ficará detido na Casa de Custódia em Maceió, para onde foi transferido no final desta tarde, e permanecerá à disposição da Justiça.

“Os dois contam versões completamente diferentes, mas, como diz a lei, devemos acreditar inicialmente no que diz a vítima. Fiz o encaminhamento para que Samya realize exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal. O caso deverá ser concluído em 10 dias”, disse Rangel, em entrevista por telefone.

Victor é servidor público lotado na Secretaria de Estado da Educação, é professor de artes maciais e tem dois filhos com a ex-esposa, de quem teria se separado após a descoberta do romance extraconjugal que ele mantinha com Samya. Um primo de Victor, que pediu para não ser identificado, contou à reportagem que sabia da relação desde o início e afirma que o caso foi descoberto em outubro do ano passado após o noivo, Ricardo Ribeiro, ter visto uma ligação no celular da enfermeira.  

À época, ela negou e os dois reataram. No entanto, segundo o primo, o relacionamento amoroso entre Victor e Samya nunca acabou. “Eles se conheceram na infância quando moravam no Eustáquio Gomes, ficaram afastados por muito tempo e se reencontraram na academia que meu primo trabalha. Ela sempre se insinuou para ele, vestia shorts bem curtos nas aulas de muay thai, vivia correndo atrás dele. A Samya, inclusive, foi o pivô da separação de Victor e da esposa”, contou o primo do acusado.

A testemunha ouvida pela reportagem também afirmou que no celular do acusado há diversas mensagens recebidas de Samya, desde o ano passado, que podem comprovar o relacionamento de cinco meses. O primo disse, ainda, que a família de Victor está buscando imagens de sistemas de monitoramento dos lugares em que o “casal” passou em Maceió antes de seguir para a casa de veraneio em Paripueira, cujo percurso teria iniciado na saída do trabalho de Samya, que buscou o acusado no próprio carro, na escola pública estadual em que ele trabalha, no conjunto Graciliano Ramos.

“Antes de ir para Paripueira, ontem [05], eles dois passaram no condomínio de uma prima nossa que estava com a chave da casa. Ele desceu do carro dela, foi até o apartamento e Samya continuou no veículo, com as janelas abertas, no banco do passageiro. Como é que alguém ‘sequestrado’ ficaria assim, sem esboçar nenhuma reação? Ela estava o tempo todo tranquila, poderia ter fugido ou gritado se estivesse lá forçada”, disse a testemunha.

Sobre a prisão, o primo do acusado contou que os dois foram encontrados quando entravam no carro de Samya, estacionado em uma das principais ruas de Paripueira, pelo noivo dela, que, segundo ele, chegou ao local acompanhado de um tio que seria policial rodoviário federal.

“A família dela toda sabia desse caso dos dois, inclusive o noivo, que foi logo procurá-la na casa do meu primo em Paripueira. Quando o noivo de Samya chegou lá, o tio dele logo apontou a arma para o Victor, um helicóptero da Polícia sobrevoava, e ele não esboçou nenhuma reação. Colocou as mãos na cabeça e foi algemado”, contou o primo de Victor.

A testemunha afirmou, ainda, que a família está reunindo todas as provas e, por meio dos advogados contratados para a defesa do acusado, facilitará as investigações entregando imagens e outros materiais que, além de comprovar o relacionamento, podem apontar a inocência diante da acusação de estupro e cárcere privado. “Se ele fosse bandido, a própria família estaria contra. Nós vamos provar que tudo que Samya diz é mentira. Ela está infernizando a nossa família, a dela e a do noivo”, concluiu.