O desrespeito ao Estado e o desrespeito do Estado

17/12/2014 07:58 - Voney Malta
Por Voney Malta

As cenas de guerra urbana registradas no Conjunto Colibri, em Maceió, pareciam cenas de um filme. Renderam ótimas imagens para os jornalistas. Estes foram vítimas de ameaças e até um veículo da imprensa foi destruído, embora estivessem presentes apenas para relatar os fatos.

Mas por trás do ocorrido – e sem qualquer julgamento sobre a ação da polícia que desencadeou naquela reação desproporcional – fica claro que há um poder paralelo dominando regiões na capital alagoana.

Os relatos sobre a presença de pessoas da comunidade fortemente armadas é a comprovação. Há um bom tempo que o poder público – estado e município - está distante das comunidades que mais precisam dos seus serviços nas áreas de saneamento, saúde, educação e segurança.

Como inexiste espaço desocupado, grupos criminosos surgiram, cresceram e se reforçaram funcionando de maneira organizada como uma empresa. Lá eles governam. E como objetivam o lucro, enfrentam quem se dispor a enfrentá-los.

O Estado desrespeitou os mais pobres, estes agora desrespeitam o Estado. E não adianta usar como justificativa apenas que a questão da violência é nacional, porque é. No entanto, más administrações espalhadas pelo País deram espaço para o crescimento de tamanho poder paralelo.

Uma grande e grave omissão da classe política e dos gestores públicos aqui e alhures.

Talvez, pelo nível da classe política brasileira, esteja na hora de acolhermos uma ideia defendida por intelectuais e alguns poucos políticos, que é o de limitar que um político eleito possa ser reeleito para o mesmo cargo apenas uma vez.

Funcionaria assim: um deputado estadual eleito e reeleito após a conclusão do segundo mandato poderia concorrer, naquela eleição, ao cargo de deputado federal, senador ou governador. Essa regra funcionaria para os demais cargos e assim sucessivamente.

Dessa forma, abriria espaço para outros nomes, evitaria a profissionalização de políticos e clãs familiares. Talvez assim trabalhassem mais, fossem mais ágeis nas votações e efetivamente exercessem o poder.

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