Escondidos no corpo, dentro de potes de comida e até comercializado dentro das unidades prisionais, o aparelho celular continua sendo o meio de comunicação mais utilizado por presos detidos nos presídios alagoanos para manter diálogos externos. Por meio desses celulares, os socioeducandos ordenaram homicídios, filmam festas e comandam o tráfico de drogas e aplicam golpes.
Mesmo com o envio desses equipamentos para as unidades, a execução de um projeto para o bloqueio do sinal desses aparelhos pode levar certo tempo para começar a operar definitivamente em Alagoas. Somente no presídio do Agreste, em Arapiraca, o sinal de aparelhos celular é bloqueado. Nas unidades em Maceió, - Cyridião Durval, Baldomero Cavalcante, Casa de Custódia (Cadeião) e o presídio feminino Santa Luzia - o sinal das operadoras funciona normalmente.
A primeira tentativa de implantação do bloqueador de sinal telefônico atingiu a população que convive nas imediações das unidades prisionais que ficou privada de utilizar o celular. Localizado em uma área urbana, o bloqueador afetou principalmente a comunidade acadêmica da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e os conjuntos habitacionais instalados na região.
O juiz da Vara de Execuções Penais Braga Neto lamenta a não operacionalidade da tecnologia na capital. “Somente no presídio do Agreste, onde o sinal já é ruim, existe o bloqueio do sinal de celular. Infelizmente quando foi instalado em Maceió, o bloqueio atingiu também a população que ficou privada de utilizar o celular”, disse o magistrado.
Entre janeiro a novembro de 2014, 378 aparelhos celulares foram apreendidos em todas as unidades durante revistas realizadas pelos agentes penitenciários, de acordo com um levantamento da Secretaria de Ressocialização e Inclusão Social (Seris).
O especialista em Segurança Pública, Flávio Saraiva defende que a melhor alternativa para o impasse seria bloquear o ingresso desses aparelhos nas unidades. Segundo o delegado, a intensificação do controle de entrada dos equipamentos seria mais eficaz do que projetar um bloqueador adequado que não afete a população.
Apesar das tentativas do Governo do Estado, nenhum sistema para cortar o sinal atualmente funciona nos presídios. Mas segundo a Seris, projetos continuam sendo estudados e serão colocados em fase de testes.
Devido à localização das unidades prisionais, no bairro Cidade Universitária, a Seris afirma ter dificuldade de encontrar uma tecnologia adequada para instalar o bloqueador de celular. O Superintendente Administrativo Penitenciário, major Henrique do Carmo, informa que o equipamento precisa não interferir de forma alguma na comunidade próxima.
“Nós temos algumas tecnologias que estão sendo estudadas para bloquear o sinal do celular. Com esse bloqueador nenhum aparelho dentro das unidades irá funcionar, somente se ele for desligado por ação humana”, detalhou o oficial. Na unidade do Agreste, onde oito equipamentos foram instalados, a Seris garante que conseguiu evitar em 100% o possível envio de celular para os presos e também eliminou a comunicação externa através dos celulares.
A unidade é utilizada como um modelo de co-gestão, onde as medidas adotadas são estudadas como formas de serem aplicadas nos outros presídios. “O bloqueador de celular é apenas mais um mecanismo para tornar uma unidade incomunicável, lógico que isso também depende da ação humana. Nós estamos também adquirindo para Maceió máquina de escâner corporal e máquina de raios-X para facilitar no momento da revista”.
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