A lotação das delegacias da Polícia Civil continua de forma descontrolada. Com um déficit de mais de 800 vagas dentro do sistema prisional, os “novos” presos em Alagoas ficam amontoados dentro das delegacias no interior, na Central de Flagrante e na Casa de Custódia. De acordo com o delegado-geral da PC, Carlos Alberto Reis, a situação somente poderá ser minimizada com a construção de uma unidade prisional no Tabuleiro do Martins.
Durante a inauguração do Complexo de Delegacias Especializadas (Code), Carlos Alberto informou que a nova unidade terá duas celas com a capacidade para quatro pessoas em cada. Segundo ele, “a polícia tem sido vítima com a própria eficiência, pois vem realizando muitas prisões, mas não tem onde colocar essas pessoas”, afirmou.
A quantidade de prisões também foi ressaltada pelo secretário de defesa social, Diógenes Tenório. Na Central de Flagrantes, por exemplo, uma cela que deveria abrigar em média de quatro a cinco presos, é divida por mais de 10 acusados de crimes. Na Casa de Custódia, um espaço provisório, tem presos recolhidos que já foram julgados e estão no local há mais de dois anos.
Com o racionamento de água na capital alagoana, os agentes da Polícia Civil afirmam que fazem o possível para que os presos não provoquem um motim na Central de Flagrantes, já que às vezes falta até água para beber. “Nós estamos fazendo tudo que é possível, inclusive carregando baldes com água para os presos beberem. Essa situação aqui com muitos presos é muito ruim”, disse um policial, que preferiu não revelar seu nome.
A superlotação já foi motivo de protestos realizados por policiais civis e, até mesmo, pelos presos que estão custodiados.
O Sindicato dos Policiais dos Civis (Sindpol) afirma que a situação é de responsabilidade da Vara de Execuções Penais e também da administração do Sistema Prisional. Segundo o presidente da entidade, Josimar Melo, a responsabilidade de custodiar os presos está sendo “jogada nas mãos dos agentes civis”.
Ele acredita que mesmo com a construção do novo presídio a superlotação nessas unidades não será resolvida. “O sistema prisional quer jogar em nossas mãos essa responsabilidade, mas não cabe ao policial civil guardar presos. Atualmente adotamos uma medida de que a Central de Flagrantes somente começa a funcionar quando tem o número mínimo de presos lá. Se não tiver os serviços são paralisados”, completou Melo. O presidente do Sindpol destacou que a com a mudança de governo o problema pode encontrar uma solução.