O nome Davi tem origem no nome hebraico Dawid, Dawídh, e deriva do termo dwd, que significa "amado", "querido", "predileto".
Davi Silva tem 17 anos, e, é o filho amado de Maria José da Silva,uma feirante.
Davi Silva está desaparecido há mais de cem dias. Tudo aconteceu no dia 25 de agosto, depois de uma abordagem policial, no bairro do Benedito Bentes, em uma localidade chamada de Cidade Sorriso, em Maceió,AL.
A polícia é o braço armado do estado.
O Benedito Bentes é um dos bairros da capital alagoana, onde entre os anos de 2008, 2010 e janeiro/2012 , ocorreu uma das maiores incidência de homicídios, tendo como vitimas- preferenciais- jovens negros.
O Benedito Bentes é considerado território de alta vulnerabilidade pela violência imposta e reproduzida- aos extremos- pelo estado em relação à vida dos jovens pretos.
E Alagoas o estado do Brasil mais perigoso para a sobrevida de pretos.
Davi da Silva mora ( morava?) no Benedito Bentes.
Davi da Silva é jovem como tantos outros, e está - desaparecido - faz mais de cem dias, mas, apesar das lágrimas da mãe, que quer de volta "seu menino", a saga de Davi não comove a sociedade alagoana.
Por quê?
Como jovem quase-preto, pobre, segregado territorialmente, em uma periferia muito, muito distante das políticas públicas, Davi, o rapaz pobre e quase-preto- como tantos e muitos- é fruto da reinvenção da escravatura contemporânea, geneticamente invisível.
A indiferença social em relação ao genocídio do povo preto, a ausência do sentimento de solidariedade possibilita a erupção dos aspectos estruturais do racismo, arraigado e internalizado ao cotidiano da sociedade alagoana.
É uma enorme ciranda da impessoalidade, um sentimento coletivo de desprezo e a mal disfarçada passividade social quando naturalizam a soma crescente-crescente de corpos mortos expostos, em sua quase totalidade de pretos.
Simplificações escravagistas.
Por que o desaparecimento de Davi da Silva não ecoa, em Alagoas