Eles frequentavam boates de alto padrão, pagavam rodadas de bebidas para amigos, curtiam festas caras e carregavam consigo o rastro dos crimes cometidos para “aumentar” a ostentação. Os jovens ricos presos na Operação Playboy, deflagrada pela Polícia Civil no ano passado, integravam uma de muitas quadrilhas desarticuladas, compostas por jovens de classe média e classe média alta em Alagoas.

Os casos de crimes envolvendo jovens de classe média ainda chocam parte da população exatamente por se tratarem de pessoas que possuem acesso aos mais variados bens de consumo. Mas o que leva jovens com boas oportunidades entrarem no mundo do crime? Em busca dessa resposta que o CadaMinuto Press relembra alguns casos ocorridos no estado e traz a explicação de especialistas para este fenômeno social. 

Falta de limites, desestruturação familiar e ausência de afeto entre os parentes são alguns dos pontos argumentados por uma socióloga, uma psicóloga e um delegado. Em uma explicação muito clara, a doutora em Sociologia pela Universidade Federal de Alagoas, Ruth Vasconcelos, coloca que os argumentos utilizados para esclarecer os motivos do ingresso na criminalidade de um jovem rico e de um jovem pobre são os mesmos.

Infelizmente, o que ainda choca uma parte da sociedade deveria ser encarado da mesma forma como se o crime tivesse sido cometido por uma pessoa sem tanto poder financeiro. Mas o preconceito de que a pobreza é a origem da violência prevalece.

“Quem pensou algum dia que só existe violência porque existe pobre, deve ficar surpreso com isso. Eu não fico. Porque nunca pensei que só quem comete crime são os pobres. Aliás, se for pensar em termos percentuais, os ricos cometem até mais crimes do que os pobres. Porque nossos ricos são uma minoria”, respondeu Ruth, ao ser questionada se a participação de jovens de classe média no crime, em Alagoas, quebra o preconceito sobre a pobreza como a origem da violência. 

“Existe uma ideia na sociedade de que aquele que teve oportunidades materiais não possuem motivos para praticar crimes. Mas como vimos, muitas vezes, aqueles que cresceram com todas as oportunidades materiais não teve o principal que é a orientação familiar”, afirmou a psicóloga Adriana Soares.

Inversão de valores e papel dos pais na educação dos filhos como causas da violência

A psicóloga Adriana Soares explica que a inversão de valores inicia com a educação dos pais com os filhos, onde genitores acreditam que uma boa estrutura familiar se baseia em dar a seus filhos uma excelente condição financeira, uma boa escola, faculdade particular, além de bens materiais. Em muitos crimes elucidados pela policia alagoana, os jovens não apresentaram um motivo “convincente” para a prática dos delitos.

O excesso de bem materiais, segundo a psicóloga, é uma das formas desses jovens iniciarem transgressão das normas de comportamento, assim como a falta de limites, que faz com que se desenvolvam acreditando que podem tudo, dentro do seio social. E quando não conseguem o que querem, se sentem frustrados.  

 

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