Investigada pela Polícia Civil de Alagoas (PC/AL), a morte do pequeno Antony Jarbas Daniel Bomfim completou dois meses no último dia 30, mas até o momento ainda não há esclarecimentos quanto à causa do óbito. A criança, à época com oito meses, pode ter sido vítima de negligência médica por parte do hospital, onde foi internado após intervenção judicial para o tratamento de uma pneumonia. O caso foi denunciado pela mãe, Paula Bomfim, 28, e vem sendo apurado por meio de um inquérito policial conduzido pela delegada Rosimeire Vieira, titular da Delegacia de Crimes Contra a Criança e o Adolescente.

Rosimeire Vieira foi designada ao caso, em caráter especial, após quase um mês do registro do óbito por meio de determinação do delegado-geral da PC/AL, Carlos Reis. Segundo afirmou à reportagem do CadaMinuto em entrevista concedida por telefone nesta semana, a delegada deverá pedir a prorrogação do inquérito que está prestes a ter o prazo de 30 dias encerrado. Rosimeire informou que a família da criança e testemunhas, assim como profissionais do hospital, foram ouvidos, mas o caso ainda não foi encerrado em virtude de ainda não ter recebido o resultado do laudo cadavérico por parte do Instituto Médico Legal (IML).

Sem entrar em detalhes, a delegada afirmou que as investigações continuam e, quando questionada sobro o laudo, disse que a demora “é normal”. “Está dentro do prazo previsto”, disse Rosimeire.  A reportagem também entrou em contato com a defensora pública Norma Negrão, que acompanha o caso desde o início, mas ela afirmou que está em férias e voltará na próxima semana, quando irá se inteirar sobre o andamento das investigações.

Ao CadaMinuto, Paula Bomfim afirmou que “aguarda por respostas” e relatou algumas “dificuldades” que, para ela, estão atrasando o encerramento das investigações. De acordo com a mãe, o hospital “se negou a entregar o prontuário” quando foi solicitado por Rosimeire Vieira, o que aconteceu, segundo ela, somente quando a delegada afirmou que expediria um mandado de busca e apreensão. Paula disse, ainda, que continua recebendo intimidações por meio de ligações de uma “diretora do hospital”, identificada como Cibele.  

“Tive que voltar ao hospital e, cada vez que a gente vai lá, é como se estivesse revivendo tudo, vendo meu filho sofrendo novamente. Se dizem que ele [Antony] não tinha nada, por que ele morreu? Por que está demorando? É o mínimo que eu mereço saber. Os médicos estão todos vivos. Meu filho morreu, minha vida também acabou e até hoje não tivemos resposta”, disse Paula Bomfim, acrescentando que a família está organizando um protesto nos próximo dias, quando serão completados dois meses e meio da morte da criança.  

Confira o depoimento da mãe na íntegra

A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa do Hospital Hapvida e aguarda um posicionamento sobre as declarações da mãe.

O caso

A morte do bebê, que era o primeiro filho de Paula e do marido, Júnior Félix, 28, foi repercutido pela imprensa após a convocação de uma entrevista coletiva pela defensora pública estadual Norma Negrão, chefe do Núcleo de Defesa do Consumidor e responsável pelo início das investigações. Ela foi procurada pelos pais da criança quando tentavam transferir Antony do Hospital Geral do Estado (HGE) para o Hospital Hapvida, no Farol, onde tinham plano de saúde, mas ainda em período de carência contratual.

Dias após a morte da criança, a direção do hospital se pronunciou por meio de nota e reiterou que a assistência foi concedida conforme prevê a Agência Nacional de Saúde (ANS). “Mesmo em cumprimento de carência contratual, vez que contava com apenas 50 dias de plano, enquanto o prazo de carência para internação seria de 180 dias, o paciente recebeu, em seu primeiro atendimento hospitalar, a assistência necessária à estabilização de seu quadro clínico”, dizia trecho da nota.

No entanto, para a família, uma série de “erros” médicos foi o que causou a morte da criança. Segundo Paula, o filho Antony Jarbas não recebeu assistência médica adequada e, desde que foi internado no hospital, tomava medicamentos em horários e quantidade errados, o que podem ter causado piora no quadro de pneumonia e são atribuídos por ela como uma das causas da morte da criança.