Escritor, artista plástico, teatrólogo, político e poeta, Abdias Nascimento foi um dos maiores ativistas pelos direitos humanos e deixou um legado de lutas pelo povo afrodescendente no Brasil.

Desde a sua passagem para o Orum,(2011) como   um dos ícones da resistência negra,  vem recebendo inúmeras homenagens pelos quatro cantos do Brasil, mas na  Serra da Barriga, em Palmares, Abdias está morto.

As cinzas de Abdias estão depositadas no berço da ancestralidade negra , um local simbólico, que reflete a luta dos negros pela liberdade, por quase um século.

O  Espaço onde estão as cinzas deveria  ter o nome do estadista, entretanto, passados três anos, o local se encontra descampado de referências, sem sinalização ou algum indicativo para avisar aos turistas que ali repousa mais um guerreiro.

A placa-lápide sumiu, o Baobá ( símbolo da resistência) plantado  na cerimônia  deposição das cinzas de Abdias, 13 de novembro 2011 nanicou-se, não cresce, minguou, secou.

O Quilombo dos Palmares é mal disfarçadamente um território confinado/segregado pelo estado brasileiro.

O estado brasileiro estupra a memória de um ícone, desumaniza a historicidade do povo preto e depois faz festa.

Festa funesta.

O estado brasileiro coisifica a história de luta da ancestralidade negra, sufocando-a em um caminho torto, chamado de acesso/estrada, sem asfalto, repleto de buracos, faz mais de 7 anos.

Faz sete anos que a estrada pro Quilombo é asfaltada por emendas parlamentares fantasmagóricas, mas mesmo assim o Estado brasileiro faz festa.

E o imbróglio da licitação do restaurante Kùuku-Wàana, que significa Banquete de Família?

 Novamente o estado brasileiro desafia as Leis nas barbas da justiça, e faz festa, entre amig@s.

Só festa!

Faz pouco tempo que uma propalada  reforma, com  ações preventivas e reparatórias foi feita no Parque,  mas, além do verde que nossa vista não alcança,  a fartura é enorme.

Falta água nos banheiros ( recentemente uma bomba foi comprada para suprir essa necessidade, mas apesar da bomba e da água do rio),  os banheiros suspiram fezes e urina.  

Os áudios continuam sem funcionar. Uma das grandes placas sinalizadoras da entrada está pintada de branco, os equipamentos da cozinha do restaurante enferrujam por falta de uso...

Inaugurado a exatos sete anos como o primeiro equipamento do gênero da América Latina, o  Parque Memorial Quilombo dos Palmares e fonte da inspiração e emoção dos que compreendem que  aluta contra o racismo é todo dia, mas para o estado brasileiro o  que vale é    20 de novembro, quando a maquiagem-meia-sola é feita  por entre  os vazios do Parque Memorial Quilombo dos Palmares   e surge  a festa da “Consciência”, a  peso de ouro.

Bem igual  à Maria Antonieta ,a  rainha, que de louca não tinha  nada.

Para o povo brioches!