Impressões gerais das eleições para Presidente

06/10/2014 14:31 - Fábio Guedes
Por Fábio Guedes Gomes

Minhas impressões sobre os resultados do primeiro turno e perspectivas para o segundo round são as seguintes:

1] A forte escalada da candidatura de Aécio deveu-se, sobretudo, pelos resultados alcançados em São Paulo. As pesquisas colocavam o candidato em terceiro lugar, e lá atrás, nas intenções de voto. Portanto, a sociedade paulista abraçou concretamente a candidatura do PSDB.

2] O grupo de eleitores da Marina Silva é muito heterogêneo para se ter uma definição para onde eles caminharão. Acredito que no Nordeste um percentual significativo passe apoiar Dilma e no Sudeste e Centro-Oeste fiquem com o PSDB; uma parcela muito pequena escolherá votar em branco ou anular.

3] O apoio da Marina a Aécio é o mais provável, mas isso não autoriza dizer que o PSB estará do seu lado dessa vez. O próprio Roberto Amaral, presidente do PSB, em entrevista ao programa Canal Livre da BAND, na madrugada de segunda [06/10] declarou que o partido é de esquerda [tenho lá minhas dúvidas], o que define uma linha bem clara entre as propostas neoliberais da Marina e o que o PSB, sem ela, pode pretender.

4] Os partidos menores e seus eleitores vão se acomodar entre as fileiras que disputam o segundo turno. Não é pequeno o número de militantes e simpatizantes do PSOL, PSTU, PCB etc. que já manifestam o voto em Dilma; isso acontecerá mais naturalmente com os eleitores de Pastor Everaldo, Levy Fidélix e Eduardo Jorge, mesmo considerando que essas lideranças optem pela neutralidade no pleito.

5] A diferença entre Dilma e Aécio de 8 pontos percentuais, ou 8,3 milhões de votos, parece pequena...é apenas aparência. Considerando que a eleição se polariza no segundo turno e que, na pior das hipóteses, Dilma acrescente de 5 a 8 pontos percentuais em razão da migração já mencionada acima, a candidatura de Aécio terá que diminuir uma diferença de 13 a 16 pontos percentuais pelo menos, 14 a 16 milhões de votos, no mínimo. Isso em um cenário otimista. Não é fácil de maneira alguma, levando em conta que o maior colégio eleitoral, São Paulo, já deu seu exemplo de força agora.

6] O alvo das disputas daqui para frente volta-se para o Nordeste; é por essas bandas que Aécio buscará diminuir sua diferença, ou pelo menos não permitir que ela aumente...situação muitíssima complicada. Por exemplo, em Pernambuco, onde a Marina obteve 48,05 dos votos válidos e Dilma 44,22%, Aécio somente alcançou 5,92%. É quase impossível esse último herdar nem metade dos mais 2,3 milhões de votos na candidata do PSB.

7] Não podemos subestimar a importância dos partidos que compõem a base de apoio do PT, especialmente o PMDB. Dos 13 estados onde as eleições para governadores foram decididas em primeiro turno, 10 governadores são da base aliada ou do próprio PT [PMDB 4, PT 4, PC do B 1 e PDT 1]. Em 11 estados a base aliada tem grandes chances de vitória. No momento, portanto, a presidenta Dilma já conta com importantes e fortes cabos eleitorais, principalmente Minas Gerais e Bahia. Não é por acaso que nessa segunda [06/10], os governadores eleitos dos partidos da base de apoio do governo já foram convocados em Brasília para receberam as congratulações da Presidenta, mas também para as articulações em torno de sua reeleição.

8] Diante de tão grande diferença de votos entre as duas candidaturas majoritárias, e ainda levando em conta a força dos governadores eleitos, não está nada fácil para o PSDB alcançar e ultrapassar a candidatura da chapa PT-PMDB.

Bem, possivelmente poderei errar completamente em minha avaliação, mas contarei a meu favor com a experiência de um simples principiante.

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