O Auá-Anon: “Um Debate Sobre Propostas e Políticas Pretas”, ocorrido na manhã de terça-feira, 30, foi uma  profusão  de energias na mistura das   muitas diferentes gentes , um território fértil de trocas e diálogos.  

O Terreiro Ile Nifé Omí Omo Posu Beta da Yalorixá Mirian, localizado no bairro da Ponta da Terra, em Maceió,AL  emanou uma   atmosfera informativa, formativa e emocionante.

Mãe Mirian –a anfitriã- saudou  convidad@s com a essência de Áfricas.

 Que  rufem os tambores!

Os protagonistas do  debate foram  os candidatos ao cargo de governador na eleição que se avizinha. Estiveram presentes: Júlio Cezar, do PSDB, Golbery Lessa, do PCB e Mário Agra do PSOL.

O Auá-Anon, uma iniciativa Instituto Raízes de Áfricas, Terreiro Ile Nifé Omí Omo Posu Beta e Grupo Juventude Negra Independente futucou as arcadas subterrâneas do racismo nos caminhos da política.

Segundo Golbery Lessa: ‘Somos um feixe de identidades e no Brasil o racismo é profundo e estruturante. É impossível entender o Brasil se não incluirmos a história do povo negro."

Júlio Cezar  assumiu sua identidade de homem negro e assim se expressou: “Se a gente não buscar estruturar o aparelho institucional para combater o racismo, não estamos fazendo  nada”.

O  Auá-Anon deu voz  a militantes negr@s, ao povo de santo que resgataram tons e detalhes.

Em alguns momentos a crítica  se fez  ácida.

Mãe Mirian  falou: “Tenho 79 anos e ando meio cansada de ouvir as mesmas promessas  nas eleições e nada vem para valorizar o nosso povo. O povo de santo precisa bem mais do que uma bolsa família. Precisa de saúde, escola, trabalho decentes. E isso a gente não tem- falou a sacerdotisa da religião de matriz africana.”

O racismo tem a acidez das mazelas do mundo.

Mário Agra reacendeu a importância da titulação das terras quilombolas e da necessidade da efetivação de políticas públicas para o povo negro e frisou ainda a urgência de políticas para  a   morte acentuada e crescente  dos jovens negros, em Alagoas.

A tríade de candidatos expôs seus saberes, desbravando o emaranhando do silêncio  em relação ao racismo nas campanhas político-partidárias.

O debate – mesmo contando- com um público restrito foi ímpar na concepção de que podemos pular as muralhas impostas e   realimentarmos  o espírito da  revolução que questiona  valores eurocentricamente impostos.

No término  fiquei -em um lugar estratégico- só para ver as pessoas se abraçarem, na afetuosidade de   conversas intermináveis. Antes de se despedirem tod@s foram convidad@s ao lanche farto e saboroso    oferecido por Mãe Mirian.

O Auá-Anon – expressão que significa – nós e eles-  na língua africana ioruba foi apenas o primeiro passo de um novo caminho.

Auá-Anon!