Depoimento da professora Elena Martins do  tradicional Colégio D. Pedro II, no Rio de Janeiro.

Na semana passada, fui surpreendida com o convite para participar do "V Ciclo Nacional de Conversas Negras: Agosto Negro Ou o que  a história Oficial Ainda Não Conta ocorrido dias 29 e 30 de agosto, na OAB, do Rio de Janeiro , realizado pelo Instituto Raízes de Áfricas, em parceria fraterna com a Associação de Mulheres Negras- Aqualtune ", pois havia sido indicada para receber uma homenagem neste evento, - Obirim: uma homenagem às Pretas Mulheres por ser uma PROFESSORA NEGRA atuante na implementação da Lei 10.639/2003.

Foi um momento muito significativo para mim! Fiquei muito feliz –por receber o certificado"IPATEWÓ" , que na língua africana ioruba significa aplauso, e ao mesmo tempo me senti muito honrada por ter dividido este lugar com ilustres colegas, que possuem uma trajetória significativa na educação para as relações étnico-raciais e na valorização da cultura africana e afro-brasileira. ( Doris Barros, Fabiana Lima, Máxima e Denise Fernandes Aluizio)

Participar deste evento, me trouxe a memória, o processo de criação do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros do Colégio Pedro II, onde tive a oportunidade de fazer novas reflexões, novos amigos e perceber a importância do protagonismo dos docentes negros no dia-a-dia da escola.

Nessa caminhada, descobri que garantir o que determina a Lei 10.639/2003 é muito mais do que ensinar a história da África; é, dentre outros, quebrar paradigmas, isto é, revisitar a história do Brasil oficial, desconstruir as narrativas criadas a partir da perspectiva eurocêntrica e evidenciar que o processo de libertação não foi uma concessão dos colonizadores, mas uma conquista dos negros através da resistência.

Aproveito para lembrar de outras pessoas que tornaram este momento muito especial e que também merecem receber o nosso "IPATEWÓ" (aplauso): Alessandra Pio, Arísia Barros, Carla Lopes e Marcos Romão !

 

Elena Martins- Professora do Colégio Pedro II- Rio de Janeiro