O deputado estadual Marcos Barbosa resolveu quebrar o silêncio e falou em uma carta aberta endereçada aos alagoanos sobre as acusações que lhe foram feitas sobre a suposta ligação com um grupo de extermínio em Maceió. No texto, enviado à imprensa nesta terça-feira (26), Barbosa afirma não ter envolvimento com os crimes e atribui a seu sobrinho, Junior Barbosa, uma espécie de vingança.
Na semana passada, Júnior Barbosa, que está preso em Maceió, prestou seu primeiro depoimento à Polícia Civil após a divulgação das investigações acerca de um grupo de extermínio na parte Sul da capital. Na coletiva de imprensa, Júnior Barbosa acusa o deputado Marcos Barbosa como um dos responsáveis pelos crimes cometidos por ele e outras pessoas presas suspeitas de participação.
Júnior chegou a afirmar que há o envolvimento de juízes e desembargador no esquema criminoso, além de rituais de magia negra.
Na carta de hoje, o deputado Marcos Barbosa diz que as acusações feitas por seu sobrinho foram causadas pelo fato de o deputado recusar apoiá-lo para a candidatura de vereador por Maceió em 2012. Ele afirma que já estava empenhado na campanha para a reeleição de sua esposa, a vereadora Silvânia Barbosa.
Em outro trecho, Marcos Barbosa afirma que Júnior Barbosa agiu por vingança e se aproveitou do momento político atual, onde o deputado concorre à reeleição do cargo. Ele também afirma desconhecer os juízes, o desembargador, os delegados de polícia e dentistas citados por Júnior Barbosa que estariam envolvidos com os crimes.
Confira na íntegra a carta:
CARTA ABERTA AOS ALAGOANOS
A propósito de recente entrevista concedida à imprensa pelo sr. Júnior Barbosa, com acusações infamantes e fantasiosas contra este deputado e contra autoridades do Poder Judiciário, do Ministério Público, da Polícia e até da classe médica, e em consideração ao povo alagoano, a quem devo prestar contas de meus atos, venho a público com os seguintes esclarecimentos:
1 – O sr. Júnior Barbosa dispensa apresentação, tratando-se, como ele próprio admite, de autor confesso de vários assassinatos;
2 – Suas imputações a minha pessoa têm origem e explicação: em 2012, ele queria a todo custo que eu o apoiasse para vereador de Maceió, e eu não o atendi porque já tinha compromisso com a reeleição da vereadora Silvânia Barbosa, minha esposa;
3 – Com espírito de vingança, e depois de cair em desgraça ao ser preso, ele aproveitou o momento político para tentar prejudicar minha campanha à reeleição, tendo, para isso, acusado autoridades e delatado o próprio pai;
4 – Resguardo-me de fazer qualquer acusação ao sr, Júnior Barbosa, sobre sua conduta e seus atos, sobretudo nos bairros da Região Sul de Maceió, por entender que a Polícia Judiciária o fará no cumprimento de seu mister investigativo;
5 – Sou avesso à violência, mas, por força de minha atuação política, já fui alvo de falsas e graves acusações (Caso Baré Cola) todas elas desfeitas e julgadas infundadas pelo Ministério Público e, por fim, pela decisão soberana do Tribunal de Justiça, que me inocentou;
6 – Com orgulho, faço parte da família Barbosa, que tem histórico de vida pública dedicada a Alagoas: somos mais de 60 irmãos e sobrinhos, cada um exercendo sua profissão com determinação e seriedade;
7 – No passado, ajudei o sr. Júnior Barbosa, inclusive cedendo-lhe espaço em minha casa, durante algum tempo, e empregando-o em cargo comissionado na Câmara, quando fui vereador, mas nada disso aplacou sua ira por não ter podido apoiar sua candidatura;
8 – Não sei quem são os magistrados, delegados de polícia e profissionais de Odontologia alvos de suas imputações, mas questiono se deve merecer crédito a palavra de quem acusa sem exibir provas e sem declinar os nomes dos acusados;
9 – Já abri mão da imunidade parlamentar, antes, e o faço agora, do mesmo modo, porque nada tenho a temer, sou um homem de luta, mas luta pelo bem, porque foi essa a formação que recebi dos meus pais. Sou católico, devoto de São Jerônimo, e acredito que a Verdade de Deus e de Cristo prevalecerá, sempre;
10 – Quando acusa autoridades, cita políticos e delata o próprio pai, o sr. Júnior Barbosa revela a extensão do seu desespero, mas o faz sob cálculo, buscando confundir a opinião pública e, claro, prejudicar a campanha da minha reeleição;
11 – Como cidadão, não deveria levar em conta as agressões vingativas de um lunático, mas o faço movido pela indignação que tudo isso me causa e pelo respeito que tenho por minha família e pela sociedade alagoana, da qual me considero um simples servidor;
12– Seria mais cômodo, de minha parte, propor que a Justiça submetesse o sr. Júnior Barbosa a um exame de sanidade mental, ao menos para entender a razão de seu sentimento de vingança contra minha e contra tantos, mas prefiro achar que ele precisa, muito mais, de tratamento.
Confio na isenção da Polícia e na imparcialidade do Ministério Público e do Poder Judiciário. Estou certo de que, logo, os fatos serão elucidados e a Verdade virá à tona. Confio em Deus e no povo de minha terra.