Meu bisavô foi escravo.
Meu avô, preto, analfabeto.
Meu pai, pretíssimo, era analfabeto funcional, artista da funilaria e um exímio leitor da vida política.
Eu, mulher preta, com pós graduação, herdeira da crença do meu pai, fiz militância durante anos, com alma escancarada de crença pelo partido do operário.
Hoje as cinzas representam meu bisavó.
Meu avô enterrado foi.
Meu pai morreu descrente da política.
Eu? 
Hoje sou apartidária.