A Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ/AL) cassou, à unanimidade de votos, a liminar de salvo-conduto em favor de Guilherme Benício Vilar de Bulhões Barros e determinou a prisão do réu. Ele é acusado de mandar assassinar dois jovens que integravam a chamada ‘Quadrilha dos Playboys’. A decisão é de relatoria do desembargador João Luiz de Azevedo Lessa.
Segundo informações da decisão de primeiro grau, Guilherme Bulhões, filho do ex-governador de Alagoas, Geraldo Bulhões, teria contrato, para a execução do crime, com o policial militar Joseildo Ferreira Cavalcante, que também teve o habeas corpus negado, em outubro. A encomenda foi motivada por vingança, em razão do réu ter sido alvo do sequestro relâmpago praticado pelas vítimas.
Edivaldo Polido e Sílvio Bismark seriam integrantes de uma quadrilha de jovens de classe média que cometia delitos desta natureza, para a utilização dos cartões bancários dos alvos. Outros participantes da gangue foram presos em uma ação denominada “Operação Playboy”, deflagrada pela Polícia Civil de Alagoas, poucos dias depois do réu ter registrado o sequestro.
Para o desembargador, o suposto ato de Guilherme Bulhões fazer justiça com as próprias mãos, contratando pessoas treinadas para fazer segurança pública e demonstrando elevado grau de destemor, não traria tranquilidade à sociedade e nem garantiria a ordem pública do Estado. Ainda de acordo com João Luiz Azevedo, o fato do réu ter supostamente utilizado a influência política e econômica para mandar executar as vítimas, poderia prejudicar a instrução criminal ou a aplicação da Lei Penal.
Sobre o argumento da defesa de que o réu ter comparecido à audiência processual demonstraria não haver risco em mantê-lo livre, o desembargador sustentou que “isso não implica necessariamente na disposição do paciente em colaborar com a Justiça”, e lembrou que, em outro momento, o acusado não conseguiu ser localizado quando havia contra ele um mandado de prisão.
O empresário Guilherme Bulhões e o policial militar Joseildo Ferreira Cavalcante são ouvidos nesta quarta-feira (20), durante audiência de instrução no dia 20 de novembro deste ano, sob a acusação de envolvimento nas mortes.
Edivaldo Polido Lins Neto, 26, e Sylvio Bismark Ângelo, 24, fora encontrados mortos em julho deste ano num canavial no município de Satuba. Eles eram foragidos da polícia por integrarem uma quadrilha envolvida em sequestros relâmpagos ocorridos na capital alagoana. O alvo da quadrilha era idosos com alto poder aquisitivo.
Um dia anterior ao que os corpos foram encontrados (11 de julho), a Polícia Civil de Alagoas desencadeou uma operação denominada Playboy, com o objetivo de prender o bando, cumprindo mandados de prisão expedidos pela 17ª Vara Criminal da Capital. As prisões foram efetuadas nos bairros da Ponta Verde, Jatiúca e Poço, por meio da Divisão Especial de Investigação e Capturas (Deic), sob o comando da delegada Ana Luiza Nogueira.
Alexandre Melo, Denis Viana e Zé Neto foram presos sob a acusação de envolvimento em pelo menos dez sequestros relâmpagos; já Sylvio Bismarck e Edivaldo Polido Lins Neto estavam foragidos e os corpos deles foram encontrados por policiais militares. A identificação foi possível após a entrada dos corpos no Instituto Médico Legal Estácio de Lima, em Maceió.
Segundo a denúncia do Ministério Público Estadual, o sargento Joseildo Ferreira Cavalcante teria recebido dinheiro de uma das vítimas para cometer os assassinatos. A vítima que teria encomendado o crime foi o empresário Guilherme Bulhões, conforme apontam as investigações policiais.