Hornella Giurizatti Libardi, acusada de ser a autora intelectual na morte do marido e empresário do ramo de café Luiz Fernando Mattedi Tomazi, 41 anos, foi condenada a 23 anos e seis meses de prisão durante julgamento presidido pelo juiz Geraldo Amorim na madrugada desta terça-feira (17).

Além de Hornella, outras duas pessoas foram julgadas. Uma mulher identificada como Rosineide, a "Neidinha" foi condenada a 16 anos e seis meses de prisão, enquanto Marcos Paulo, o "Marquinhos" foi absolvido pelo tribunal. O terceiro acusado, Marcos Henrique, o "Binho", está foragido, segundo informou o Ministério Público.

 O julgamento

Em seu depoimento ao juiz do caso, Hornella reafirmou o que já havia dito anteriormente durante o desenrolar das investigações e comentou que os assassinos do marido tinham um sotaque diferente e chegaram a falar que Luís Fernando “falava demais”.

Raimundo Palmeira, advogado que atuou na defesa de Hornella, comentou que a cliente é inocente e que em nenhum momento planejou o assassinato do marido, já que não havia interesse dela referente à morte. Palmeira ainda questionou o trabalho da Polícia Civil de Alagoas, sobre as linhas de investigação e diz que terá como base na defesa a repercussão que o crime teve na época.

“É muito fácil jogar o crime para uma viúva. Foi uma investigação errada e precipitada que apenas apontou uma linha para o crime. A vítima veio praticamente fugida para Alagoas após ser investigado e preso por envolvimento na máfia do café no Sul do Brasil. O empresário foi beneficiado com a delação premiada e veio para o estado. Isso não foi investigado e pode muito bem ter ligação com a morte dele”, relatou Palmeira ao CadaMinuto.

Outro ponto que foi apresentado pela defesa é de que Hornella e Fernando foram trazidos para o estado pelo sócio dele, Emerson Raposo Cogo, com quem dividiam a moradia. Emerson é também apontado pela polícia como a pessoa que ajudou Hornella a planejou o assassinato, mas não está sendo julgado. Palmeira afirma que a viúva não teve quaisquer benefícios com a morte do marido, já que todos os bens do empresário estavam em nomes de terceiros e a família dele é quem ficou com o comando.

Crime aconteceu na Avenida Leste/Oeste

A morte de Luiz Fernando Mattedi Tomazi, 41 anos, aconteceu em 14 de setembro de 2010, em um trecho da Avenida Leste/Oeste, em Maceió, e foi considerada, no início das investigações, misteriosa pela polícia. O empresário foi assassinado dentro do próprio automóvel, numa rua da Grota do Pau D'Arco, no bairro Jacintinho, capital alagoana. A vítima foi encontrada com as pernas cruzadas, o que dava a entender que o empresário conhecia o assassino e foi surpreendido no momento do disparo.

Na época do crime, a esposa do empresário afirmou que teria saído de casa acompanhada do marido para comer um passaporte na Praça do Centenário. Após o lanche, quando estavam chegando em Mangabeiras, o veículo em que estavam tinha sido receptado por outros carros e homens armados exigiram que Hornella seguisse até a grota onde ocorreu o crime. A vítima teria sido morta após atender o celular a mando dos próprios criminosos.

Durante as investigações ficou clara para a polícia a participação de Hornella no assassinato. Ela teria planejado a morte do próprio do marido com a ajuda do sócio Emerson Raposo Cogo – este não é julgado hoje. Segundo a polícia, ela estourou o limite de todos os cartões de crédito deles e a dívida chegava a R$ 40 mil. Além disso, Hornella tinha um amante em São Paulo, e estava com medo de que o marido descobrisse a traição e fizesse algo contra ela.

O empresário Luiz Fernando era um dos 71 empresários de café envolvidos na Operação Broca, deflagrada no dia 1º de junho. Todos são processados por crimes como formação de quadrilha, estelionato qualificado e falsidade ideológica.