A cópia de dois boletins de ocorrência apresentado pela defesa do agente da Polícia Civil, Carlos Bráulio Lopes Idalino, preso acusado de ter participado do sequestro e da morte da estudante Roberta Dias, em abril do ano passado na cidade de Penedo, pode comprovar a inocência dele. Pelo documento, Idalino estava de plantão na delegacia de Igreja Nova, como escrivão junto com o delegado Rubens Natário no dia do sequestro.
Os dois documentos foram confeccionados entre as 14 horas e 15h30. Em entrevista ao CadaMinuto, um familiar do policial, que preferiu não se identificar, afirmou que o agente não estava na cidade de Penedo no dia do crime nem na hora em que a Polícia Civil afirma que a estudante foi sequestrada, na Praça Santa Luzia, às 16 horas.
De acordo com a investigação da PC, Idalino teria sido o homem que forçou Roberta Dias a entrar em um veículo, com uma arma apontada para a cabeça. “A acusação que pesa sobre ele é de ouvi dizer. A comprovação de que ele não estava em Penedo estão nesses boletins de ocorrências”, assegurou o familiar.
A defesa do acusado irá ingressar com um pedido de liberdade e junto com o recurso apresentará os boletins. “As pessoas que confeccionaram esses boletins já se prontificaram a prestar depoimento a favor dele. Além disso, o motorista da viatura, que também estava de plantão junto com ele em Igreja Nova também está à disposição da Polícia e da Justiça para prestar qualquer esclarecimento”, salientou.
Além de Idalino, o chefe de operações da delegacia de Penedo, Carlos Freire Cardoso, 34, e o agente Cledson Oliveira da Silva, 33, são apontados no homicídio. O crime teria sido encomendado pela ex-sogra de Roberta Dias, Meirejane, por R$ 30 mil pago aos policiais. Um homem identificado como Jorge Ferreira continua foragido. A possível elucidação da morte da estudante revelou um esquema de tráfico de drogas, na cidade ribeirinha.
O caso
Roberta foi vista pela última vez em Penedo no dia 11 de abril de 2012 quando saiu de casa para realizar um exame pré-natal. A família contou que antes de desaparecer, ela foi vista na casa do namorado e depois na companhia de uma amiga que a acompanhou na consulta.
O namorado de Roberta, pai do filho que ela esperava, chegou a ser apontado como suspeito pela polícia, mas ele negou qualquer pressão e afirmou que não sabia da gravidez da namorada.
O celular da jovem foi encontrado dois meses depois de seu desaparecimento em um terreno baldio próximo á unidade de saúde. O aparelho foi revendido e recuperado tempo depois. A Polícia Civil em Penedo chegou a interrogar o namorado, a amiga e familiares de Roberta, mas em nenhum dos depoimentos foi encontrado algum detalhe que ajudasse a solucionar o caso.
O computador e o telefone da jovem também chegaram a ser periciados. Ainda no ano passado, um corpo com características semelhantes ao da jovem foi encontrado em Coruripe e a polícia chegou a suspeitar que fosse Roberta. Porém, os exames mostraram que não se tratava da jovem desaparecida.
Também em abril, familiares e amigos da jovem concederam entrevista ao CadaMinuto. A irmã de Roberta, Amanda Costa Dias, relatou que foi um ano muito difícil para família, que vem sofrendo com o “silêncio” da Polícia Civil. A investigação do caso, coordenada pelo titular da Delegacia Regional de Penedo, Rubéns Natário, foi entregue à Divisão Especial de Investigação e Capturas (Deic). Segundo Amanda, mesmo com a Deic à frente o caso nada mudou sobre as respostas dadas pela Polícia.