Atualizada às 18h20
Pode parecer brincadeira, mas é realidade. Com pouco mais de dois meses de funcionamento a Central de Flagrantes, localizada na Avenida Fernandes Lima, no bairro do Farol, já apresenta um quadro caótico de falta de estrutura e superlotação. A situação de trabalho já é classificada pelos policiais civis e delegados que atuam no local como precária e por isso uma reunião foi marcada para esta segunda-feira (08) entre eles e o Sindicato dos Policiais Civis de Alagoas (Sindpol), a Associação dos Delegados de Polícia (Adepol).
O encontro pretende estudar medidas a serem reivindicadas para contornar a situação. Em janeiro deste ano, quando a transferência de prédio da antiga Central de Polícia, do Prado para o Farol, com o nome de Central de Flagrantes, foi anunciada já era vista com desconfiança pelos agentes civis. A nova Central ocuparia os prédios da Delegacia Geral de Repressão ao Narcotráfico (DRN), Casa de Custódia II e 4º Distrito Policial, que segundo policiais e delegados não apresentavam condições estruturais. O prazo para a mudança era fevereiro, mas a reforma demorou e a inauguração só ocorreu em 20 de junho.
A mudança que teria por objetivo beneficiar o acesso da população da capital e regiões metropolitanas acabou em um grave problema. O local que possuí três xadrezes, com dois metros quadrados cada, ficou superlotado em pouco tempo. Cerca de vinte e duas pessoas detidas dividem o espaço. A superlotação fez com que a rede de esgoto e sanitária ficasse comprometida, entrando em colapso em pouco tempo. Atualmente policiais, delegados, presos e os populares que se dirigem ao local para formalizar ocorrências convivem com vazamentos de dejetos na parte térrea do prédio.
A cada nova área que apresentava problemas, uma interdição. Fato que ocorreu no cartório e outras repartições. Com isso foi preciso que os policiais e delegados tentassem contornar a situação da forma como podiam, até o alojamento virou sala de custódia. A carceragem que era para ser provisória se tornou permanente. O banho dos detentos também é improvisado, com uma mangueira que é colocada nas celas, o que pode gerar outro grave problema, já que a água infiltrada no chão e paredes gera comprometimento na estrutura física do local.
A reportagem do CadaMinuto entrou em contato com o presidente do Sindpol, Josimar Melo, que confirmou o caos existente na Central de Flagrantes e revelou que a situação precisa ser rapidamente contornada.
“Nós marcamos essa reunião de forma emergencial, medidas precisam ser tomadas de forma urgente. Ainda não sabemos exatamente o que poderá ser feito no local, mas interdições devem ser solicitadas e o Ministério Público acionado”, explicou.
Além das denúncias de condições precárias, o efetivo reduzido de policiais será colocado em pauta já que os delegados foram obrigados a disponibilizar dois agentes para o plantão na antiga Central de Polícia, que estaria abandonada com dezoito presos.
A assessoria da Polícia Civil (PC) informou ao CadaMinuto que a superlotação que vem causando transtornos na Central de Flagrantes se deu por um impedimento na transferência dos presos desde a rebelião do último dia 10 de agosto no Cadeião. A Vara de Execuções determinou que os presídios onde o fato ocorreu não poderiam mais receber detentos, com isso, a Central, que seria um local de passagem de novos presos, impedida de realizar transferências, teve que suportar um número acima do planejado.
Ainda de acordo com o assessor da PC, as medidas necessárias estão sendo tomadas para solucionar todos os problemas. Uma das ações que estão em curso seria conseguir retornar o processo de transferência, que já deve ocorrer com alguns presos nesta segunda-feira (09).
*com informações da assessoria