Representantes de quatro entidades responsáveis pela segurança pública de Alagoas se reuniram na manhã desta quarta-feira (24), na Associação dos Cabos e Soldados (ACS), localizada no bairro do Poço, para cobrar ao governo soluções mais rígidas e eficientes na redução da violência no Estado, que nas últimas semanas, segundo eles, teve como estopim os assassinatos de militares.

O plano Brasil Mais Seguro foi duramente criticado a exemplo do Conselho Nacional de Segurança (CONSEG) e da defasagem no número de policiais e na estrutura das corporações. Diante do quadro várias reivindicações foram realizadas.

Segundo presidente da Associação dos Subtenentes e Sargentos Militares de Alagoas, Sargento  Teobaldo de Almeida, os criminosos sentem a inércia do governo em aplicar políticas públicas que realmente funcionem o que estaria dando abertura  para os números alarmantes de crimes registrados em todo Estado, inclusive tendo como vítimas os próprios integrantes da segurança pública.

Ele lembrou os casos em que oficiais  foram assassinados, mas ressaltou que a ousadia de quem está à margem da lei já chegou ao ponto de bandos armados invadirem delegacias, como a do município de Maribondo, onde todos os policiais foram rendidos e tiveram seus coletes e armas roubados. “Juramos proteger a sociedade colocando nossa vida em risco, mas atualmente não precisamos nem estar no exercício da função para  estarmos a mercê de bandidos”, ressaltou.

Os representantes dos trabalhadores da segurança pública revelaram que além da falta de assistência aos policiais que estão em exercício, as famílias dos sete que foram executados desde janeiro deste ano acabaram esquecidas pelo governo. “Os familiares do sargento reformado, José Maria dos Santos, último caso registrado, continuam vivendo a 200 metros de ponto de comercialização de drogas, estão sem nenhuma proteção e se sentem ameaçados”, finalizou o sargento Teobaldo.

Durante a coletiva de imprensa todos os representantes frisaram a ineficiência do plano Brasil Mais Seguro. Eles reclamaram que helicópteros, viaturas e armamentos foram entregues as corporações para que houvesse reforço na segurança e que os indicies de violência que colocam Alagoas como o Estado mais violento do país há treze anos fossem reduzidos, mas que a grande maioria dos policias não foram preparados.

O Conseg também foi questionado por reunir apenas o governo e seus representantes, deixando de fora que atua nas ruas e realmente sabe como age a criminalidade. Nesse quesito os representantes propuseram que o Conselho fosse formado com 40% de representantes do governo, 30% com os trabalhadores da segurança pública e 30% com representantes da sociedade civil.

“Quem está lá [no Conseg] reside em condomínios fechados, em bairros de alto padrão, tem carros, ao contrário da maioria da população, inclusive muitos oficiais, que moram na periferia e se locomovem utilizando transportes públicos”, defendeu o presidente da Associação dos Oficiais Militares de Alagoas  (ASSOMAL) major Fragoso lembrando e questionando a falta de valorização profissional. Segundo ele, há vinte anos a polícia contava com o mesmo efetivo que nos dias atuais.

Nesse quesito os representantes cobram a contratação  imediata de  dois mil policias militares, além do aumento do orçamento anual das corporações em no mínimo 30%, fixação da carga horária prevista em lei, de 36  horas semanais, adicional noturno e de periculosidade e criação da Coordenação  de desdobramentos Especiais (CODE).

“As ações realizadas pelo Brasil Mais Seguro são ineficazes por que são rápidas. Com a CODE unificaríamos os comandos do Tigre, Delegacia Especializada de Homicídios, Batalhão de Operações Especiais (BOPE),Ministério Público, Tribunal  de Justiça, Delegado Geral da Polícia Civil,, Comandante da PMAL e o próprio Conseg para que ações mais rigorosas fossem implantadas”, pontuou o Major Fragoso.

Uma manifestação com as quatro entidades, Associação dos Oficiais Militares de Alagoas  (ASSOMAL), Associação dos Subtenentes e Sargentos Militares de Alagoas (ASSMAL), Associação dos Cabos e Soldados de Alagoas (ACS/AL) e Associação das Praças da Polícia Militar e Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Alagoas (ASPRA) está programada para acontecer nessa quinta-feira (25) às 12h, em frente ao Palácio do Governo, para que a situação classificada como de urgência e as reivindicações sejam defendidas, à espera de um posicionamento do governo.

Um ato público, também está marcado para às 15h do dia 30 deste mês, na praça Marechal Deodoro, no Centro.