Não é a primeira vez que um policial fere ‘acidentalmente’ uma pessoa durante uma blitz. Também não foi a primeira vez que uma pessoa passou por uma situação dessas e acabou morrendo com um tiro na cabeça disparado por um militar. Apesar da repercussão negativa, a Polícia Militar afirma que os policiais são capacitados para atuar em qualquer situação.
O último caso foi o do jovem Igor Fernando Nascimento, de 22 anos. Ele morreu na tarde da segunda-feira (15) após ter sido atingido por um tiro na cabeça. O tiro foi disparado por um militar após Igor passar e não parar a moto em uma blitz na cidade de Teotônio Vilela, no dia 11.
O Tiro foi disparado pelo Cabo Willames e ele alegou que o tiro foi acidental. O cabo disse que conhecia a vítima, mas que não tinha inimizade com Igor. Ele está preso no quartel do 3º Batalhão de polícia, em Arapiraca.
O corregedor da Polícia Militar, Coronel Louvercy Monteiro disse ao CadaMinuto na quinta-feira (18) que o caso ocorrido no município de Teotônio Vilela já está sendo apurado. A corregedoria abriu uma sindicância para apurar se o disparo foi efetuado em legítima defesa ou não.
“Estamos apurando o caso para saber se foi um crime militar já que ele atirou contra um civil e poderá ser julgado pela Justiça comum”, explicou.
Até o policial chegar às ruas, ele passa por um longo caminho durante um curso de formação para praças e oficiais. O Major PM Amorim explicou que os praças (soldados, cabos, sargentos e subtenentes) demoram cerca de oito meses para ter a formação adequada para atuar nas ruas e atuar em diversas situações, inclusive semelhantes a esta onde o jovem Igor foi baleado durante uma blitz.
O major explica também que mesmo após o tempo em que passa nas academias de polícia recebendo o treinamento necessário para estar apto a ir às ruas, os militares são submetidos a cursos de reciclagem com frequência.
Questionado sobre o curso que forma praças ele afirmou que o curso estava dentro das normas e que militares envolvidos em casos como este são submetidos a treinamentos e aperfeiçoamentos assim como os demais.
Durante este tempo, os praças recebem cursos técnicos e estágios nas unidades operacionais que o capacitem para zelar pela segurança nas ruas.
Já os oficiais (tenentes, capitães, majores e coronéis) entram na corporação após passar por um curso com equivalência de nível superior e com duração de três anos. Nesse período, os cadetes tem aulas práticas e teóricas, além de conhecimento jurídico e organizacional.
Outros casos
O estudante de Geografia Johnny Wilker, 21 anos, morreu em maio de 2008 com um tiro na cabeça disparado por um policial militar. Ele estava na garupa de uma motocicleta com um amigo quando passaram em uma blitz no bairro do Santos Dumont. Ele foi atingido por um tiro de submetralhadora 9 milímetros na nuca.
O Capitão Eduardo Alex da Silva Santos, acusado de ter atirado no estudante, confirmou que atirou contra os dois jovens que passaram pela blitz em uma moto, pois tinha escutado dois tiros contra a guarnição, mas depois constatou que não havia arma com os estudantes. Ainda segundo o PM, foi prestado socorro imediato ao jovem ferido, contudo, ele não resistiu.
Em 2011 o capitão foi a Júri popular e condenado a dois anos e oito meses de serviços comunitários pelo crime. Ele também foi condenado a pagar uma indenização de R$ 50 mil à família do estudante.
Em janeiro deste ano, o jovem João Paulo também morreu baleado por um policial militar. Ele foi atingido no peito pelo militar após uma discussão no município de Pilar. O jovem chegou a ser socorrido por populares ao posto de saúde da cidade de Pilar e em seguida encaminhada ao Hospital Geral do Estado (HGE), mas não resistiu aos ferimentos.
O militar João Cleber Vieira Chagas, de 26 anos, confessou que matou o jovem, alegando legítima defesa. A Polícia Militar divulgou que João Cleber afirmou que cometeu o crime após se envolver em uma discussão com a vítima, que não estava armada.
Ele prestou depoimento à Corregedoria da PM e afirmou que a arma era de sua propriedade. Ele responde ao processo em liberdade.