Médico brasileiro: o vilão da vez

16/07/2013 08:02 - Adrualdo Catão
Por Adrualdo Catão

O governo brasileiro está há dez anos no poder. Só agora percebeu a inviabilidade de prestar saúde universal e gratuita? Só agora percebeu que sua ineficiência é tão grande que não consegue cumprir requisitos básicos na administração de um serviço público? Pois bem. Alguém tem que levar a culpa, e não pode ser um político. Os médicos são os culpados da vez.

 

O Brasil precisa de mais médicos, sim. Isso não quer dizer que concorde com as medidas do governo nesse tal programa “mais médicos”. É mais uma medida populista e, nesse caso, especialmente autoritária.

 

Segundo o que defendo já faz tempo, menos regulação estimularia a criação de mais faculdades de medicina, causando a formação de mais médicos, barateando o serviço e possibilitando que cidades do interior sejam mais atraentes para esses profissionais. Haveria então condições de prestar assistência básica aos mais pobres por um valor bem mais baixo.

 

É evidente que a medicina se torna mais cara por causa do excesso de regulação. Essa é a verdade. Poucos médicos formam cartéis e a alta demanda de serviços no SUS faz com que os salários subam, aumentando o já absurdo custo da saúde pública, paga com nosso dinheiro, fruto do trabalho dos brasileiros.

 

O problema é que um mercado mais livre na área de saúde não agrada nem aos médicos, nem ao governo. Concorrência só é bom para os usuários do serviço. Para os fornecedores, o ideal é estar numa corporação de ofício...

 

E já que o governo adora poder, jamais falará em tornar o mercado mais livre. Em mais um episódio da série "contradições de um governo maluco", tomou uma atitude digna de regimes autoritários. O raciocínio torto é o seguinte: “Há poucos médicos no Brasil. Então vamos aumentar vagas nos cursos de medicina? Não! Vamos dificultar e atrasar a formação dos novos médicos e usar os formandos em trabalho forçado”. Que coisa!

 

O governo vai trazer médicos de fora sem a necessidade de avaliação regular do diploma, porém, vai obrigar os estudantes a servir de mão de obra barata para trabalhar à força para o governo. E vejam que não se trata de uma contra-prestação daqueles que cursam universidades públicas. Serve para qualquer estudante, mesmo aquele que estuda em faculdade privada e paga seu estudo.

 

Político de esquerda é uma raça inteligente. Quando alguém propôs a obrigação de políticos usarem o SUS, ou de seus filhos usarem escolas públicas, gritaram, com razão: "É INCONSTITUCIONAL!". Mas usar (quase) médico em trabalho forçado pode, não é? Coerência não é o forte dessa galera, mas esperteza...

 

Olha, são tantas ilegalidades e violações a direitos fundamentais nesse projeto do governo para a saúde que eu imagino ter sido feito por um marqueteiro.

 

Bem a cara desse governo...

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