O delegado Antônio Carlos Lessa que comandou as investigações sobre a morte de Paulo César Farias e da namorada dele, Suzana Marcolino, disse que não iria comentar as declarações de Augusto Farias (irmão da vítima) sobre uma suposta proposta de suborno para que o ex-deputado incriminasse os quatro seguranças do empresário, que sentam no banco dos réus.

O crime, ocorrido na casa de praia do ex-tesoureiro de Fernando Collor de Mello em Guaxuma, foi investigado por Lessa e Alcides Andrade. Os delegados decidiram manter um ‘pacto’ para não falar sobre o assunto a não ser se houvesse uma convocação oficial pela justiça alagoana.

“Fizemos esse pacto de que quando o inquérito fosse concluído e encaminhado ao Judiciário manteríamos o silêncio e não falaríamos nada mais sobre o caso PC Farias. Só iremos falar algo se a justiça assim quiser”, colocou o delegado à reportagem do CadaMinuto na manhã desta terça-feira (07).

No entanto, sobre o assunto, o delegado Antônio Carlos Lessa disse ao CadaMinuto que bastava uma pesquisa sobre reportagens divulgadas na época das investigações para saber o que realmente aconteceu.

De acordo com reportagens publicadas pela imprensa alagoana em 1999, o ex-deputado foi acusado de tentar subornar o delegado Antônio Carlos Lessa usando um jornalista para conseguir ter seu nome retirado do processo sobre a morte do irmão e assim não ser indiciado pelo crime.

Lessa gravou sigilosamente duas conversas com um jornalista e afirmou ter recebido proposta de dinheiro para não apontar Augusto Farias como co-autor das mortes. O jornalista chegou a ser indiciado pela Polícia Civil de Alagoas e ao defender disse que falou em dinheiro apenas "para ajudar" a família de um agente policial morto num acidente de carro.

Na CPI do Narcotráfico, o jornalista repetiu várias vezes que conversara com o delegado sem o conhecimento de Augusto Farias. O delegado Paulo Braz indiciou o jornalista, mas não um mandante em nome do qual ele estaria falando. "Apesar de evidências, achei que não havia indícios suficientes para indiciar as pessoas envolvidas por Baía", disse.

Ao depor no inquérito dirigido por Paulo Braz, o delegado Lessa relatou que o jornalista disse representar o deputado irmão de PC. Braz concluiu que houve tentativa de suborno, mas que não há indícios para sustentar a definição de um mandante.