O Governador de Alagoas ,Teotônio Vilela, ignora a dor superlativa de famílias inteiras.

29/03/2013 16:19 - Raízes da África
Por Arísia Barros

 

É sexta-feira santa e os corpos mortos abarrotam gavetas e  apodrecem no Instituto Médico Legal Estácio de Lima, em Maceió.

É uma sexta-feira da paixão que a família  dos  pálidos mortos assiste a crucificação dos valores humanos , com os olhares secos  pelo excesso de lágrimas derramados nos corredores da súplica. O descaso estatal com os corpos mortos assusta, espanta revolta.

No IML, em Maceió a  carne humana depois da morte  reduz seu significado.

O IML da capital alagoana funciona há 78 anos no prédio da antiga faculdade de Medicina. Lá, foram realizadas as autópsias de Lampião, após sua morte em uma emboscada em 1938 e  como a época a mão de obra do IML ficou obsoleta. Há falhas na vertebra do órgão estatal.. De modo substantivo os corpos mortos respiram a nulidade de coisa nenhuma. A concretude da não existência.

As famílias carregam, impotentes, a bagagem das vidas esvaziadas. O abandono dos corpos inertes no IML chegou a uma situação limite, mas o governo faz de conta que não vê.

O governador  de Alagoas  Teotônio Vilela  ignora a dor superlativa de famílias inteiras que em procissão, em plena sexta-feira-santa clamam para enterrar seus mortos.

As famílias querem enterrar os mortos para alumiar seus espíritos.

O Pai e Nosso não ecoa no território das políticas públicas. É  preciso rever a história da política-faz-de-conta e a possibilidade de romper com o silêncio da não-sepultura.

Hoje inúmeros corpos mortos apodrecem no Instituto Médico Legal Estácio de Lima, em Maceió.

É a penitência dos vivos na sexta-feira da paixão.

 

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