O Governador de Alagoas ,Teotônio Vilela, ignora a dor superlativa de famílias inteiras.
É sexta-feira santa e os corpos mortos abarrotam gavetas e apodrecem no Instituto Médico Legal Estácio de Lima, em Maceió.
É uma sexta-feira da paixão que a família dos pálidos mortos assiste a crucificação dos valores humanos , com os olhares secos pelo excesso de lágrimas derramados nos corredores da súplica. O descaso estatal com os corpos mortos assusta, espanta revolta.
No IML, em Maceió a carne humana depois da morte reduz seu significado.
O IML da capital alagoana funciona há 78 anos no prédio da antiga faculdade de Medicina. Lá, foram realizadas as autópsias de Lampião, após sua morte em uma emboscada em 1938 e como a época a mão de obra do IML ficou obsoleta. Há falhas na vertebra do órgão estatal.. De modo substantivo os corpos mortos respiram a nulidade de coisa nenhuma. A concretude da não existência.
As famílias carregam, impotentes, a bagagem das vidas esvaziadas. O abandono dos corpos inertes no IML chegou a uma situação limite, mas o governo faz de conta que não vê.
O governador de Alagoas Teotônio Vilela ignora a dor superlativa de famílias inteiras que em procissão, em plena sexta-feira-santa clamam para enterrar seus mortos.
As famílias querem enterrar os mortos para alumiar seus espíritos.
O Pai e Nosso não ecoa no território das políticas públicas. É preciso rever a história da política-faz-de-conta e a possibilidade de romper com o silêncio da não-sepultura.
Hoje inúmeros corpos mortos apodrecem no Instituto Médico Legal Estácio de Lima, em Maceió.
É a penitência dos vivos na sexta-feira da paixão.
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