O Sindicato dos Policiais Civis de Alagoas (Sindpol) denunciou por meio de um texto distribuido a imprensa a situação da delegacia regional de Santana do Ipanema, que tem capacidade para 24 presos,e segundo o sindicato conta hoje com 74. 

O Sindpol acusa o Executivo e o Judiciário de descaso e disse que os detentos estão em situação subumana. "Muitos chegam a passar fome e sede no local. Por conta das precárias condições estruturais da regional" disse o Sindicato dos Policiais Civis de Alagoas (Sindpol) no texto em que explica que solicitou a transferência dos presos e interdição do local.

Ainda no texto o vice-presidente do Sindpol, Edeilto Gomes, e o vice-diretor de Planejamento, João de Deus, explicam que constataram as "condições humilhantes em que presos e policiais civis sofrem diariamente no local".
 
"Nos primeiros três meses deste ano, já foram impedidas oito tentativas de fugas"
O Sindpol também realizou vistorias na delegacia de Girau do Ponciano, onde constatou que não há estrutura física para presos no local. 
 
"O muro é baixo e poderá facilitar a fuga de presos. Em outra ocasião, já ocorreu à tentativa de resgate de presos. Além disso, o local é do lado de uma escola pública, onde crianças e adolescentes têm aulas todos os dias. O pátio da delegacia está cheio de motos e carros velhos e amontoados, o que configura um evidente risco de proliferação de doenças como dengue e leptospirose.  A escala de plantão fixa apenas um policial por dia", diz um trecho do material enviado à imprensa.
 
Na Central de Polícia de Arapiraca, os presos são colocados em duas celas muito pequenas, onde funcionavam os banheiros do prédio. 
 
"O local já chegou a abrigar até doze presos. As celas são quentes e apertadas. Os presos reclamaram da falta de água e de alimento no local.  Esses detentos ficam até uma semana esperando para serem transferidos à delegacia Regional de Santana do Ipanema ou para outras delegacias de cidades adjacentes", relata o texto.
 
Veja abaixo trecho do texto distribuido para a imprensa:
 
Presos
 
Na regional, são sete celas, que deveriam acomodar apenas quatro presos cada, mas estão com doze cada. Na carceragem, falta água, o que piora as condições sanitárias. Muitos estão doentes e não recebem assistência médica. Eles denunciam que não foram ouvidos pelo Judiciário.
O clima é de tensão e de revolta dos detentos. Eles reclamam das condições do local, como banheiros cheios de dejetos e entupidos, a falta de alimento, a presença de ratos e de insetos. A maioria dos presos é de outros municípios, e a família não tem como levar a alimentação.
 
Policiais x condições
O efetivo também é insuficiente. Diariamente, em média, seis policiais civis estão à disposição da regional para a custódia de 74 presos, o atendimento à população e a investigação, o que torna impossível desempenhar os serviços.
As viaturas se encontram em precárias condições. Duas caminhonetes estão em uso há mais de dez anos. No alojamento, as camas estão quebradas. Há infiltrações nas paredes. A fiação elétrica está exposta, ou seja, risco iminente de curto circuito, que poderá provocar incêndio.
O calor é intenso no local. O ar condicionado não funciona. Ao redor da delegacia, motocicletas e automóveis apreendidos enferrujam e servem para abrigo de ratos e insetos. O lixo se amontoa dentro das celas e ao redor da delegacia. A encanação da rede de esgoto está quebrada, provocando vazamento de água suja.
A cisterna estava vazia. Para amenizar um pouco a situação, a delegacia solicitou ao Corpo de Bombeiros que levasse água para os detentos. O pedido foi atendido.
No documento, o Sindpol informa que os policiais civis estão desviados de sua função, “tendo que sacrificar a atividade fim – a investigação – para tomar conta de detentos”.
O pedido de interdição e transferência de presos foi entregue ao delegado regional de Santana do Ipanema, José Rosivaldo Vilar da Silva, ao juiz da cidade Durval Mendonça e ao promotor de Justiça Elísio da Silva Maia Junior.