Capitalismo para os pobres

18/03/2013 07:50 - Adrualdo Catão
Por Adrualdo Catão

 

Amigos,

 

o site passou por problemas técnicos na mudança de leiaute, mas agora está tudo ok! Então volto com um ótimo texto do Blog “Capitalismo para os pobres”. Entre outras coisas, o espaço pretende demonstrar quão falacioso é o argumento segundo o qual liberdade econômica gera pobreza.

 

Começo então indicando o texto abaixo.

 

Boa leitura!

 

A filantropia leva a farinha quando o capitalismo volta com o pão

Por Diogo Costa

 

Filantropia é remédio. A esquerda tem razão quando diz que as relações capitalistas se baseiam na expectativa do benefício próprio. Você recebe na medida em que você tem algo a oferecer. Quem não for capaz de oferecer o que os outros querem, dependerá da ajuda. A filantropia evita que parte da sociedade esteja condenada à destituição.

 

O remédio é capaz de salvar a vida do doente, colocá-lo de pé. Mas a pessoa curada não ganha qualidade de vida almoçando e jantando remédio. Doença se cura com remédio, mas saúde se mantém com comida.

 

Filantropia é remédio. Cooperação é alimento. Minha geração cresceu acreditando que a filantropia deve ser a regra do mundo. Nos tornamos uma geração de doentes ocupando praças públicas e mendigando comprimidos econômicos. Quebramos supermercados porque eles não eram hospitais.

 

Um sistema econômico baseado na filantropia cria e petrifica hierarquias sociais. Há entre o ajudador e o ajudado uma relação de dependência. Um é agente, o outro é objeto. Quando alguém fala de se “dar o peixe”, você logo presume uma relação vertical, de superioridade, entre doador e recipiente. A cooperação horizontaliza a relação. Quando digo que um sujeito comprou o peixe de outro, eu não estou informando uma relação de superioridade. Ambos têm algo a oferecer. Cada um reconhece um semelhante na outra pessoa. Ao se fundamentar na cooperação social, o capitalismo é uma arma das classes baixas contra a rigidez social.

 

A cooperação comercial alinha os interesses de produtores e consumidores. O consumidor cria demanda pela produção que ele quer ampliar. Cada vez que eu compro um café no Starbucks, sinalizo que quero mais Starbucks na minha cidade. O mesmo alinhamento não ocorre com a filantropia. Se as pessoas dão mais dinheiro para crianças de rua, aparecem mais crianças na rua. O dilema do filantropo é que ele cria demanda por aquilo que ele quer eliminar.

 

Cooperação é alimento. Ela energiza o corpo social. Minha geração foi à universidade para se esquecer do que nossos avós já sabiam, que o pão depende do suor, que o trabalho vem antes do lazer, que a produção vem antes do consumo. Uma sociedade só pode distribuir o valor que ela é capaz de gerar.

 

A filantropia depende do capitalismo assim como o consumo depende da produção. Sete dos dez países mais filantrópicos do mundo estão entre os vinte países mais capitalistas do mundo. As pessoas que mais têm liberdade de trabalhar e empreender são também as pessoas mais dispostas a ajudar e a socorrer. A locomotiva do capitalismo consegue transportar mais vagões da filantropia.

 

Os brasileiros falam muito de solidariedade e altruísmo. Sua posição no ranking de filantropia é de número 83. Sem alimento, não há remédio.

 

Diogo G. R. Costa é professor de relações internacionais no Ibmec-MG e coordenador do OrdemLivre.org

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