A brincadeira entre irmãos que terminou em tragédia na noite dessa segunda-feira (04) foi considerada uma fatalidade pelo Conselho Tutelar. A conselheira Sheyla Rocha relembrou que em dezembro de 2012 atendeu o caso onde a mesma criança que morreu vítima de espancamento, efetuado pelos irmãos de 11 e 13 anos, foi abandonada pela mãe com um vendedor de picolé. O caso de ontem seguirá para investigação.
Na época, a conselheira Sheyla foi acionada por uma guarnição da Ronda Escolar da Polícia Militar que fazia patrulhamento, no bairro da Ponta Grossa, em Maceió, quando foi parada pela dona de casa Edenise Gomes Vitorino. A mulher contou que o vendedor de picolé Sebastião Roberto Valença, 53, tinha oferecido o menino, Denisson Arthur Miranda Neto, 2, para ela criar, já que a mãe tinha abandonado a criança com ele. Estranhando a situação ela resolveu denunciar.
O menino foi levado pelo Conselho Tutelar da 2ª região, mas logo o pai Daniel Leal de Melo, entrou em contato e a criança retornou para casa. Sheyla, que cuidou do caso, conta que durante esse tempo acompanhou a família e que tudo estava transcorrendo nos conformes. Ela não atribui culpa nessa situação, considerando o fato uma fatalidade.
“O pai é uma pessoa correta. Deixou o filho aos cuidados de um de 13 anos, para ir trabalhar. Considero que uma criança nessa idade já tem condições de cuidar de outra nessa situação”, disse a conselheira.
Semana passada o pai e a criança visitaram o Conselho e tudo corria bem. Sheyla ainda revelou que conseguiu uma vaga e que esse mês o menino iria começar a freqüentar uma creche.
No episódio de ontem, a série de golpes que recebeu dos irmãos acabou levando a criança a óbito. Ainda não foi atribuída culpa do ocorrido ao pai, que foi ouvido na Central de Polícia, no bairro do Prado e liberado. Mas ele ainda pode ser responsabilizado por abandono, já que deixou as crianças sozinhas em casa.
Um dos irmãos que efetuaram o espancamento foi encaminhado aos cuidados do Conselho Tutelar, já que tem apenas 11 anos e não pode responder pelo ocorrido. O de 13 anos foi encaminhado a Delegacia de Menores, no Jacintinho. A chefe de operações da delegacia, Veina Oliveira, revelou que uma investigação social será aberta para apurar o caso e que o destino do irmão mais velho será decidido pelo juizado.
“Vários fatores precisam ser analisados, se ele é reincidente, a gravidade do fato que levou a morte a criança e o atenuante, já que o menor relatou que se tratava de uma brincadeira e não queria matar” – ressaltou Veina.