O retrocesso das ações educacionais no estado negro das Alagoas.

06/01/2013 04:13 - Raízes da África
Por Arisia Barros

O artigo abaixo foi escrito em 2008 quando havia um encaminhamento para a  consolidação das questões étnicas em Alagoas que envolvia um grande quantitativo das escolas de todo estado.  Passados quatro anos a Gerência étnico racial foi desmontada, diante  do silêncio de tantos e muitos e agora só nos resta um espaço "multiplo" na SEE/AL gestado por políticos de ocasião. E novamente o silêncio social  impera. Em Alagoas é sempre assim. 

Especialistas são unânimes em afirmar que é a partir da educação que restabelecemos as regras e normas sociais. Conceitos e preconceitos.
O sistema de ensino do Estado de Alagoas, berço da primeira república negra das Américas, está vivendo uma nova fase de sua história. Com o advento da Lei Estadual nº 6.814/07 surge um conjunto de ações concretas pautadas em uma nova forma de abordagem do currículo das escolas alagoanas.
A implementação da Lei nº 6.814/07, vem sendo concretizada como uma ação unificada, sistêmica, envolvendo setor público, poder legislativo e iniciativa privada.
Vale frisar que a parceria de entidades, como a Federação das Indústrias, Coca-Cola, Restaurante Akuaba dentre outras, tem sido a mola propulsora para o desenvolvimento da política de promoção da igualdade racial na educação.
A ação do Estado de Alagoas se liga às estratégias de difusão e ampliação das questões do racismo e da invisibilidade do negro no contexto conjuntural do Estado político e da sociedade em geral.
Entendemos com isso que, a existência de um Estado democrático exige que proposições políticas se tornem políticas públicas e o entendimento de que políticas universalistas não contemplam a grande parcela da população negra que vive desigualdades sociais específicas oriundas do racismo.
A ação étnica da educação em Alagoas é focada no princípio da igualdade, de modo que enxergamos o respeito às diferenças como a ação ampla do fazer educação, com auto-estima, cidadania e consciência racial. E essa ação tem rendido dividendos. Após a exposição do trabalho étnico da SEE, no Encontro Nacional dos Secretários de Educação, ocorrido em Porto Alegre, no dia primeiro de agosto de 2008, Alagoas foi escolhida por unanimidade pelo Conselho Nacional dos Secretários de Educação para ser a representante do mesmo, no Grupo Interministerial, criado pelo Ministério da Educação, para a implementação da Lei nº 10.639/03. Somos a única Secretaria de Educação do Brasil a fazer parte do referido grupo. Estamos consolidando o trabalho de reconstrução da história de Alagoas fazendo ecoar as vozes de Zumbi, Aqualtune e todos e todas as guerreiras negras que ousaram pensar em igualdade, em pleno século 16. É a voz étnica do Estado de Alagoas, berço da primeira república negra das Américas, tornando-se unidade nacional.
É isso é avanço histórico!

 

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