O Brasil é um país laico. Laicidade é substantivo feminino. Isso quer dizer que, como não existe uma religião oficial no pais, o governo, seja do âmbito federal, estadual ou municipal não deve criar palco ou configurar apoio financeiro do Estado a uma única sociedade religiosa para que professe sua fé. Quando assim o faz privilegia uns credos em detrimento de outros, em um desrespeito flagrante as outras religiões.
A laicidade do Estado é pré-condição para a liberdade de crença garantida pela Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, e pela Constituição brasileira de 1988.
A cidade de Maceió completou 172 anos no domingo (09) e a prefeitura, que se despede da gestão, resolveu montar um show evangélico ,no próximo sabado,(15) para comemorar o aniversário do município alagoano, cuja população é composta por uma miscelânea das muitas e diversas gentes de tantos e vários credos, seitas e outras religiões.
Gospel é música evangélica, um gênero musical composto e produzido para expressar a crença, individual ou comunitária, cristã.
Contraditoriamente essa mesma prefeitura que financia o show gospel em praça pública para comemorar  um aniversário plural, tentou proibir, dia 08 de dezembro, a livre manifestação religiosa e as atividades afro-culturais na Praça Multieventos localizada no bairro da Pajuçara. Após a mobilização social de representantes de várias casas de axé, entidades do movimento negro alagoano, grupos afro-culturais, inclusive, pessoas de crenças diversas e de outras instituições que combatem a intolerância religiosa, o problema foi contornado.
Duas medidas para um mesmo peso?
O dia 08 de dezembro foi instituído, em Alagoas, como o Dia de Resistência da Religiosidade Afro-brasileiro. A lei que inclui a data, 8 de dezembro, no calendário do Estado foi publicada no Diário Oficial em 13 de julho de 2012.
E a pergunta que não quer calar?
Porque um show gospel para comemorar o aniversário de uma terra misturada de tantas histórias, credos e gentes?
Eis a questão!