Em 2013, a Segurança Pública de Alagoas receberá investimentos orçados em mais de R$ 200 milhões com objetivo de tentar combater a tradição do assassinato que estampa os jornais e tanto envergonha os alagoanos de bem.
Há quase dois anos a frente da Secretaria de Defesa Social, o coronel reformado da Polícia Militar, Dário César, aponta conquistas em sua gestão e promete um legado para o sucessor, apesar das recorrentes críticas ao atual modelo de combate à criminalidade.
Há pouco mais de quatro meses - em parceria com o Governo Federal - o estado ganhou o projeto piloto do Programa Brasil Mais Seguro – Quem ama Alagoas constrói a Paz. A iniciativa é vendida pelo Executivo como a saída do caos e nesse espaço de tempo alguns resultados positivos foram apontados. Para Dário César, o trabalho desenvolvido pela gestão do governador Teotonio Vilela Filho (PSDB) foi de fundamental importância para a iniciativa do projeto piloto.
Ele alerta que apenas o poder de polícia não resolverá todas as mazelas sociais e destaca a iniciativa de outro projeto do Governo Federal chamado 'Juventude Viva'.
“Engana-se, redondamente, quem pensa que o policiamento ostensivo resolverá toda problemática da segurança pública. Juntamente com o policiamento, temos que propor políticas públicas de inserção nas escolas e criação de emprego e renda. Sem essa ligação, não tem polícia no mundo que resolva. Atualmente, trabalhamos com o caos e quando os agentes da segurança pública entraram é porque tudo falhou”, colocou.
Apesar do volumoso orçamento para 2013, o secretário acredita que para reverter a situação histórica seria necessário muito mais.
“Os recursos para o próximo ano são expressivos diante de uma realidade do passado, mesmo assim ainda precisaríamos de muito mais. Não adianta ter o dinheiro e não saber utilizá-lo. Num passado não tão distante, observamos que o investimento em segurança pública em Alagoas era zero. Apenas o Governo Federal doava viaturas, armamentos e coletes. Essa realidade mudou. O governador Téo assumiu o compromisso e investe pesado nessa área”, argumentou.
Alagoas pós Dário César
De acordo com o secretário, há 15 anos Alagoas é vítima do crescimento da violência e nos últimos meses é perceptível a redução dos índices de criminalidade graças mudança de conceito. “A gente não resolve tudo em um dia e sem dinheiro fica mais complicado. Até o final do ano teremos diversas inaugurações.
Nos últimos meses, muito fizemos para mudar a realidade do estado, porém, ainda há necessidade fazer mais. Nós deixaremos uma outra SEDS. Se houvesse esse investimento em outras gestões não estaríamos nessa situação. É imperativo entender que Defesa Social é muito mais que prender bandido. Temos que trabalhar na prevenção. A interação entre as policiais é um exemplo que traz excelentes resultados.
A SEDS deixou de ser uma delegacia e passou a coordenar os trabalhos. O nosso órgão trabalha com dados e devido a isso sabemos pontuar a nossa área de atuação. Esse trabalho é reconhecido nacionalmente. Nessa luta não há bandeira política, mas sim integração completa entre Prefeituras e Governos Federal e Estadual. Independente quem seja o futuro secretário de Defesa Social ele terá um farol com metas a executar. Isso nunca existiu em nosso estado”, comentou.
A construção do novo prédio do Instituto Médico Legal (IML), a bonificação para PM`S pela apreensão de armas e drogas e a realização dos concursos públicos para as Polícias Militar e Civil foram pontuadas por Dário como mais uma conquista da atual gestão do Executivo.
A volta dos que não foram
O retorno de alguns delegados da antiga geração para cargos de confiança na Polícia Civil foi intensamente discutido nos últimos meses. Até o lançamento do programa Brasil mais Seguro, delegados da nova geração ocupavam os cargos e os outros colegas não tinham sequer o espaço. A volta de alguns delegados que teriam, possivelmente, fichas manchadas com denúncias foi colocada em xeque.
Sobre o tema, o secretário disse que o processo de integração foi responsável pelo retorno e tratou de não polemizar o assunto.
“Nós somos poucos para trabalhar com tantos problemas. Se a gente que é pouco ainda estiver dividido e fragmentado nós seríamos fragilizados no enfrentamento a criminalidade. Então, o processo de trazer pessoas com experiência para o dia a dia faz parte da integração entre as instituições. Essencialmente, temos que pensar diferente. Porque tudo o que foi feito parece que não deu certo. Basta sair as ruas. O trabalho em conjunto nos mostra resultados”, comentou.
Uma vida salva vale muito
Diante das críticas que questionam a redução da criminalidade, Dário explicou que cada vida que é poupada na guerra das ruas é um grande resultado para o programa de segurança.
“Pela primeira vez em 10 anos, Alagoas apresentará redução nos índices de homicídios. 11% a menos é um grande número. Só sabe a diferença que faz quem teve um parente assassinado. Em nosso estado, em comparação com 2011, 80 pessoas deixaram de morrer neste ano. Essa conquista ninguém tira do trabalho conjunto entre Seds e governo do Estado. Vamos continuar trabalhando nesse sentido”, celebrou, ressaltando que a Força Nacional continuará até que Alagoas possa andar sozinha no enfrentamento aos crimes.
Inquéritos pendentes
Até 2007, em todo Brasil, de 100 inquéritos abertos 80 eram arquivados. Em Alagoas, os números não são diferentes. Sobre isso, o secretário garantiu que os procedimentos antigos são apurados por um setor da Seds especializado.
“Temos a central de inquérito pendentes que trabalha para resolver esse grande problema. Hoje, há uma extrema mudança na postura da investigação. Os números mostram que os inquérito abertos recentemente são concluídos com autoria conhecida. Isso acontece em decorrência do trabalho do delegado na cena do crime e, também, da investigação da perícia. Temos trabalhado para manter um passivo pequeno e nesse sentido estamos conseguindo conquistas importantes. O sucesso só vem antes trabalho no dicionário”, garantiu.