Conheci o menino aos 11 anos. Era sua professora da língua portuguesa e francesa. Já tinha  consigo o espirito de liderança, algo nato e isso causava tumulto na hierarquia escolar. Limitavam-lhe o espaço de atuação, estigmatizando descobertas como equação inadequada.
Era um ouvinte atento, capturava a palavra e a transformava em parágrafos enormes, pontuado com decisões de futuro.
Tornou-se líder de turma, anos após anos, e em muitos momentos confrontava a direção da escola em busca dos direitos dos estudantes.
Aos 11 anos tinha um cavalheirismo muito peculiar. Como eu lecionava a noite e muitas vezes não tinha tempo de alimentar-me, ele mesmo preparava, em casa, uma bandeja com café e complementos e trazia para acalentar nosso estomago. Morava vizinha a escola.
Desenvolvia habilidades e talentos. O DNA da política buscava espaços e afirmava ideais. Alinhava as palavras em discursos improvisados e punha em risco o conservadorismo da instituição escolar.
Cresceu na linha de frente da pobreza, onde a droga invadia o espaço de futuro em conivência com o silêncio das autoridades,mas, aprendeu desde cedo a transformar em possibilidades os vácuos do caminho.
Perdeu dois irmãos e tornou-se alicerce da mãe.
Um dia, faz tempo, o menino de 11 anos vaticinou: Professora, um dia vou vencer na vida e a senhora vai ter muito orgulho de mim.
A partir de 2013, aquele menino, vestirá o terno de vereador da capital alagoana.
E dia destes ao cumprimentar o futuro vereador , ele emocionado afirmou: Lembro quando a senhora nos dizia para não permitir que outros nos humilhassem. Professora com a senhora aprendi o conceito da palavra Ética.
Como professora dá um orgulho danado saber que alguns meninos e meninas conseguiram ir além das expectativas.
Presente esplêndido!